01 abril 2009

Tempos de transição...

Às vezes andamos diferentes... mais parados, mais pensativos, mais distantes dos outros e do que nos rodeia, mais alienados aqui do real, apenas a absorver o que transpõe a esfera do material e do básico.
E depois acabamos por achar que andamos estranhos, cansados, a leste deste mundo e quase nos culpamos por não estarmos "normais" como de costume. Mas também... o que é ser "normal"?
Mas na verdade, não nos devemos crucificar por isto, por estarmos menos aqui e mais do outro lado, e mais a Leste do que a Oeste...
Tudo acontece por uma razão.
E se agora estamos mais cabisbaixos, menos faladores, mais retraídos, às vezes também é devido à necessidade de certas mudanças, e de pormos "as ideias em ordem".

São retracções que não são em vão... na verdade são períodos de reflexão que trarão frutos mais tarde.
Só que agora apenas achamos que "andamos em baixo" e mais pensativos, não reflectindo que futuramente isso se traduzirá em "shifts" de novas ideias e pensamentos, bem como o surgimento de um conjunto de novas coisas... e talvez um pouco a rejeição de coisas que antes dávamos como certas e garantidas.
De certa forma, é um estado de transição indefinido que proporcionará futuramente todo um conjunto de mudanças mais drásticas.

Um exemplo análogo poder-se-ia facilmen
te retirar da história cronológica da humanidade.
Frequentemente se afirma que a Idade Média foi o período da história em que mais se assistiu a uma maior estagnação aos mais diversos níveis. Estagnação social, cultural, económica, de ideias, de desenvolvimento, etc.
Afirma-se com frequência que foram mil anos em vão... e em que nada houve progresso.

Na verdade, foi das épocas em que mais se evolui dos mais variados pontos de vista!
Só que como ficou tão disperso no tempo, isso quase não se notou... pois praticamente ficou esbatido durante toda essa era.

Mas de facto, se formos a ver... como teríamos transitado da Idade Antiga para o período Moderno sem passar pela Idade Média?
Se ela tivesse sido assim tão em vão, não seria agrupada num só período, mas talvez dispersa pelo precedente e o seguinte.
Mas na verdade, foram mil anos de charneira que fizeram a ponte entre a Antiguidade e a Idade Moderna... porque se não fosse a Idade Média, o período Moderno não seria mais do que uma continuidade da Idade Antiga, advogando então que a Idade Média foi em vão.

E é mais ou menos essa a ideia que de uma forma análoga se pode transpor para estes nossos tempos de transição que às vezes temos.
Eles de facto não são em vão, embora às vezes seja isso que percepcionamos, porque não nos conseguimos dar conta que a evolução existe, porque ela é lenta.
Mas na verdade, as mudanças ocorrem posteriormente, e são de facto reflexo dos nossos tempos que às vezes achamos que foram mais obscuros, conturbados e turvos.

Mas eles são fundamentais para que se evolua... pois neles há todo um fervilhar de ideias e pensamentos revolucionários que vão remexer no fundo.
E só isso nos vai permitir passar da nossa "Idade Antiga" para o nosso "Período Moderno", e futuramente Pós-Moderno... como uma sucessão de etapas na vida que são pontuadas nos seus intervalos por crises existenciais e por pensamentos mais estranhos e perturbadores...



1 comentário:

Luís disse...

Seguindo-te não há que errar. :) Se as pessoas não quisessem passar por certos caminhos, desejariam que o chão todo fosse desabado? É sempre bom saber o que queremos, apesar disso. Já agora, se alguma vez encontrarem alguém em aparente crise existencial, POR FAVOR: não lhe perguntem a razão do silêncio. É diabólico :/