31 dezembro 2008

Alturas da vida...


Há alturas em que andamos realmente cansados... fartos disto tudo... apáticos para os dias... sem ânimo para as coisas... sem vontade de nada...
Parece que só apetece fugir, ir para bem longe... onde ninguém nos martirize, onde ninguém nos diga nada, nem grite as horas, nem massacre com datas a cumprir!
Apetece que nos deixem em paz, no nosso canto...

E com tanta coisa para fazer, aqui estamos... sem fazer nada... não porque não queiramos, talvez porque não conseguimos... Porque estamos demasiados cansados de tudo o que fizemos até então, e como tal, só apetece descansar...
Descansar? Para quê? Porquê?
Ainda nos exigem mais coisas a fazer... elas não param...
Se ao menos valessem a pena...

E no fim, perguntamos a nós mesmos "Para quê tudo isto? Para quê todo este esforço?"
Pior que tudo, é sentir que todas essas coisas são um trabalho inglório...
Sentimos que foi um esforço em vão... que demos tanto de nós, e nem por isso vamos ter grande coisa em troca...
É uma sensação de trabalho desperdiçado... e que no futuro ninguém vai querer saber dele para nada... E aquele esforço foi todo para uma gaveta, que para ali fica. Fechada.

E um esforço que não tem frutos... nem agora nem depois... porque no futuro, se conseguimos fazer algo num âmbito que nos agrade, nunca vai ser mesmo aquilo que queremos... iremos estar sempre sujeitos a pressões superiores e subjugados a interesses revoltantes...
Porquê? Porque tem de ser sempre assim? Porque é que nem por uma vez podemos fazer algo que nos agrade, e completamente à nossa maneira?
Constantemente sentimos que trabalhamos e nos esforçamos, e que no fundo nada vale a pena...
Tanto cansaço, tanto esforço, tantas horas de dedicação, tanto trabalho... e depois fica tudo como se nada fosse... tal é o descrédito que se tem pelas coisas... e a pouca valorização que conferem ao nosso trabalho...

Por aí neste mundo, há muita teoria e pouca prática... fazem-se tantos esforços e nunca nada muda, nunca vemos nada feito.
E por mais que queiramos e nos esforcemos para mudar as coisas... nunca vamos conseguir isso... não vamos certamente fazer a diferença... isso são só palavras bonitas que se dizem às crianças...
Quem consegue vingar num mundo corrupto, egoísta, injusto,
racista, ganancioso, falso, intolerante, etc. ?
É um desincentivo ao que fazemos... é um desincentivo a tudo...

Há uma falta de articulação das coisas, parece que nada tem lógica, nada está conexo... nada tem nexo...
Tudo parece uma folha de papel velha, amachucada, cheia de gatafunhos, riscada, sem espaço para mais nada... mas que se tenta insistentemente pôr lá mais coisas...
Na verdade, só dá vontade de amachucar a folha e atirá-la ao lixo, e arranjar uma nova! Onde aí, sim, se vai fazer tudo de novo, certinho, correcto, com lógica, tendo em conta o máximo de aspectos possível...
É o que dá vontade...
Mas é o que não se faz... é o que ninguém quer fazer.
Dá trabalho não é?
Pois... Então mais vale continuar a rabiscar na folha de papel velha... sempre se vai fazendo riscos a partir daqueles que já existem... mesmo que estejam todos mal...
E ninguém consegue ter força para atirar de vez a folha para o lixo.

Por isso, não vale a pena tentar. Porque é o desalento total.
Às vezes mais vale não pensar em nada, e aproveitar as pequenas coisas boas da vida... sem pensar em nada que nos atormente...
A vida já é tão curta, e ainda estarmos a chatear-nos com estas coisas todas... é só atrofiar-nos ainda mais...
Mais vale vivermos com calma, sem stress, ver as coisas boas, fechar os olhos ao que não interessa, e sonhar... porque nada vai mudar... e não vale a pena ter a pretensão que sim, porque é não!
E é disso que temos de ter consciência!

Viver o dia-a-dia... porque nem nos sítios mais evoluídos, nem nos mais pobres é possível fazer a diferença... não existe volta a dar, enquanto questões superiores não forem alteradas...
Por isso o mais importante é alegrar-nos com as pequenas coisas, que dão prazer instantâneo à alma, ao espírito, à mente... paz...

Às vezes mais vale ter uma vida calma com o indispensável, mas ser feliz e aproveitar as coisas boas da vida... olhar o céu, as nuvens, o pôr do sol no mar...
Se não tivermos ambições desmedidas, vivemos bem com pouco... afinal, é preciso tão pouco para ser feliz!
Mais vale viver ao sabor do vento... afinal para quê tanto esforço?
No fim de contas todos vamos embora daqui um dia...

27 dezembro 2008

Momentos especiais...


Esta época do ano, Natal e Ano Novo, é sempre especial por muitas razões...
É sempre uma altura mais agitada, em que há sempre imensa coisa para fazer... Mas ao mesmo tempo calorosa, porque por mais que sejam os afazeres, há sempre tempo para um sorriso... e um tempinho para beber um chá quentinho na cafetaria da esquina, enquanto se contam as novidades e se põe a conversa em dia...
É uma altura calorosa, na qual as melhores qualidades e virtudes das pessoas vêem à tona, sendo por tal, mais doce e justamente reconhecidas...

É uma época em que os sonhos não param... sonhamos a dormir e acordados... sonhamos porque sabe bem... e sonhamos sem querer...
Por vezes os sonhos ultrapassam as barreiras do que é um sonho... e vão para além, muito além... ultrapassam todos os limites... os limites que não têm...
E aqueles sonhos bons... em que apetece estar a sonhar para sempre... quase nos culpamos por termos acordado...

E outros sonhos, esses mais estranhos, em que embora estejamos a dormir... parece que o sonho está a ser conduzido por alguma parte consciente que nos resta... Devem ser dos sonhos mais estranhos... pois parece que conseguimos controlar conscientemente a direcção do sonho, enquanto permanecemos inconscientes a dormir...
É a sensação de conseguir dominar o sonho... estar num limiar entre a consciência do que queremos que aquele sonho seja... na inconsciência plena de uma noite de sono...

É maravilhoso sonhar com coisas agradáveis... e coisas que quando acordamos pensamos, onde raio fomos buscar tais ideias? E como fizemos aquela junção de coisas, pessoas e sítios?!
E pensamos que, se tivéssemos acordados, não conseguiríamos ter imaginação suficiente para entrelaçar todas aquelas coisas e construir um enredo tão perfeito e original, como o que fizemos inconscientemente... a dormir...

A vida é tão mais simples a sonhar... tão mais saborosa de viver... a levitar entre nuvens de algodão...
A própria época natalícia é um doce sonho de algodão que temos nesta altura do ano...

Afinal é nesta época que revemos pessoas que gostamos, e que raramente estamos durante o ano... e que sempre nos fazem tanta falta!
Mas por mais voltas que o ano e a vida dêem... os anos repetem-se nesta bendita monotonia de Natal, que sempre nos traz de volta, nos mesmos momentos, as pessoas que mais nos sabem aconchegar a alma...
E que sempre são bem vindas... acolhidas por todos com mil sorrisos, beijos e abraços... e aparecem como lufadas de ar fresco que iluminam o nosso espírito, já tão natalício e feliz...
Trazem notícias de onde vêm, e abrem-nos as perspectivas de vida, brindando os nossos olhares com novas visões sobre tantas coisas que nunca antes tínhamos pensado...

Tanta coisa que cá fica, tanta coisa que cá deixam.... em tão pouco tempo que por cá passam...
E na sua curta estada durante esta época, sempre nos brindam com doces palavras, agradáveis momentos, noites especiais e lindos passeios... (que sempre desejamos que fossem eternos...)
E sorrisos que se trocam... olhares que se cruzam... eternos abraços que se dão... conversas que não se esquecem... memórias que se recordam... promessas que se fazem...

Até para o ano...




E a Lua Cheia ainda lá estava... com
majestosos e reluzentes tons prateados... na noite escura como breu... a pairar, formosa, levemente acima do horizonte de mar...



07 dezembro 2008

Desafio


Desafio: escrever tudo o que nos vem à cabeça quando olhamos para uma determinada imagem ou "mapa".

Eis a imagem com que fiquei para comentar.


Eis o comentário:

É curioso o que se pode pensar das coisas que vemos, e de facto não é todos os dias que nos põem uma folha à frente com um “mapa” e dizem para escrevermos numa página o que nos vem à cabeça ao olhar para esse mesmo mapa. É um desafio! Mapas mais banais, mapas menos banais, mapas mais “mapas” e mapas que parecem ser tudo menos isso…

Tinha-me calhado descrever uma face humana com diferentes tonalidades de cores quentes. Mas… que “mapa banal”! Porque não escolher algo mais “polémico”? Decidi então ficar com a imagem da penetração de um pénis numa vagina. Já que é um desafio grande, ao menos que seja um grande desafio! É certamente uma ilustração pertencente a algum livro de ciências na parte do aparelho reprodutor… no entanto, risota geral quando disse com que imagem fiquei.

Como seria de esperar. Mas porquê? Porque seria de esperar? Porque é que palavras, imagens, vídeos com a componente retratada na imagem são sempre alvo de tanta euforia, sorrisos malandros, risos maléficos…? Porque é que há sempre alguma piada que se desvia para tocar no assunto? Porquê tantas anedotas, falatório, piadas, e gestos que invariavelmente estão relacionados com o tema da ilustração? Só porque dá prazer? Há tantas outras coisas que também dão prazer!

Porque é que uma coisa afinal tão normal da vida é constantemente motivo de chacota? Penso que seja consenso geral, ser normal ter relações sexuais. Não existe nada de absurdo nisso. Acho que se perguntasse isso a uma série de pessoas, a resposta óbvia seria “é uma coisa normal”. Então? Também se faz assim piadas, risinhos, alusões constantes a todas as outras coisas normais da vida? Não me parece. Afinal se é uma coisa normal… porque todos ficam alterados quando se fala de ter relações sexuais, de fazer sexo, de fazer amor, etc.? E até se arranjam palavras menos próprias e bem ordinárias para referir um acto tão normal…

No fim de contas, se aqui estamos, é porque houve duas pessoas que nos conceberam… e que para isso tiveram de ter relações, de fazer sexo ou amor para nos ter gerado! Embora às vezes ponhamos essa ideia de parte, porque até custa a crer, parece que “há coisas que só acontece aos outros”. Mas no fundo, sabemos que foi assim. E, haverá acto mais nobre do que trazer alguém ao mundo? Porquê tanta chacota com uma acção que origina tão grandioso feito?

Para alguém nascer, os seus progenitores tiveram de fazer sexo, ou amor… não é bem a mesma coisa, são conceitos muito diferentes… e hoje em dia fala-se muito em sexo e pouco em amor. Talvez essa seja uma razão de tanta violência e carnificina em lugar de sentimentos, de tanta dominação em vez de respeito, de tanta chantagem e subjugação em vez de igualdade. De facto, em todo o lado se fala de sexo, nascem livros que falam sobre sexo, os anúncios publicitários têm sempre a componente sensual do sexo, quando vamos a um quiosque inúmeras revistas com poses apelativas de mulheres esbeltas tentam captar a atenção, canais de TV exibem com naturalidade a um público infinito o que cabe apenas à intimidade de duas pessoas…

Porquê? Porque na verdade não se faz amor, faz-se sexo. E o sexo vende, e todos sabemos isso. A “profissão mais velha do mundo”, deve ser provavelmente a profissão mais triste… Alguém ter de vender o seu corpo para que o outro tenha sexo! Para que sinta prazer físico e depois “Xau!”. Em troca deixa dinheiro, como se fosse uma máquina de chocolates.

O sexo para além de não significar amor, é uma praga. Pior do que o dinheiro e a corrupção económica vigente no mundo em que vivemos. Por causa do sexo, por aí existem infinitas redes de pedofilia, incontáveis casos de abusos sexuais e violações, milhares de mulheres são diariamente subjugadas, espancadas, humilhadas, violadas, em especial nas regiões mais atrasadas onde a religião comanda cada minuto da vida.

E aí? Também se fazem piadinhas? Onde está o prazer afinal? Nestas regiões do mundo, mais atrasadas e menos desenvolvidas, as mulheres não são mais do que objectos reféns dos homens, cuja única coisa que vêem é sexo, e que na verdade não querem as mulheres para mais nada a não ser isso. Eles fazem sexo. Elas não. Há uma grande diferença.

Muitas mais coisas se podiam dizer e comentar acerca desta imagem. De facto esta suscitou-me logo ideias que provavelmente não foram aquelas que motivaram risotas e chacota quando a escolhi. Afinal uma imagem pode dizer muito mais do que aquilo que mostra.

E de facto acho que o que me veio à cabeça não é propriamente para rir, nem motivo de troça. Uma coisa normal, ou que supostamente devia ser normal e de livre vontade de cada pessoa para a fazer, é a infeliz tortura diária de milhares de mulheres, a única razão de elas existirem segundo a perspectiva de quem as massacra, de quem vive para a praga do sexo!

Os homens são carnais e as mulheres sentimentais, mas há limites! E isto é o culminar dessa obsessão doentia por possuir alguém que por eles é considerada inferior, servil, uma verdadeira escrava em todos os sentidos. O sexo pode significar prazer, mas é o pior demónio da humanidade!

Então, qual é a piada da imagem agora?

16 novembro 2008

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O cemitério está cheio de indispensáveis...



26 outubro 2008

Limites...

"Somos as primeiras gerações de pais decididos a não repetir com os filhos, os erros de nossos progenitores... e com o esforço de abolirmos os abusos do passado... somos os pais mais dedicados e compreensivos… mas, por outro lado... os mais bobos e inseguros que já houve na história.

O grave é que estamos lidando com crianças mais “espertas” do que nós, ousadas, e mais “poderosas” que nunca!

Parece que, em nossa tentativa de sermos os pais que queríamos ser, passamos de um extremo ao outro.

Assim, somos a última geração de filhos que obedeceram a seus pais... e a primeira geração de pais que obedecem a seus filhos.

Os últimos que tivemos medo dos pais... e os primeiros que tememos os filhos.

Os últimos que cresceram sob o mando dos pais... e os primeiros que vivem sob o jugo dos filhos.

E, o que é pior...os últimos que respeitamos nossos pais... e os primeiros que aceitamos que nossos filhos nos faltem com o respeito.

À medida que o permissível substituiu o autoritarismo, os termos das relações familiares mudou de forma radical... para o bem e para o mal.

Com efeito, antes se considerava um bom pai, aquele cujos filhos se comportavam bem, obedeciam suas ordens, e os tratavam com o devido respeito.

E bons filhos, as crianças que eram formais, e veneravam seus pais, mas à medida em que as fronteiras hierárquicas entre nós e nossos filhos foram se desvanecendo...

Hoje, os bons pais são aqueles que conseguem que seus filhos os amem, ainda que pouco o respeitem.

E são os filhos, quem agora, esperam respeito de seus pais, pretendendo de tal maneira que respeitem suas ideias, seus gostos, suas preferências e sua forma de agir e viver.

E que além disso, que patrocinem no que necessitarem para tal fim.

Quer dizer, os papéis se inverteram.


Agora são os pais que têm que agradar a seus filhos para “ganhá-los” e não o inverso como no passado.

Isto explica o esforço que fazem tantos pais e mães para serem os melhores amigos e “darem tudo”
a seus filhos.

Dizem que os extremos se atraem.

Se o autoritarismo do passado encheu os filhos de medo de seus pais... a debilidade do presente os preenche de medo e menosprezo... aos nos verem tão débeis e perdidos como eles.

Os filhos precisam perceber que durante a infância, estamos à frente de suas vidas, como líderes
capazes de sujeitá-los quando não os podemos conter... e de guiá-los, enquanto não sabem para onde vão...

É assim que evitaremos que as novas gerações se afoguem no descontrole e tédio no qual está afundando uma sociedade que parece ir à deriva, sem parâmetros nem destino.

Se o autoritarismo suplanta, o permissível sufoca.

Apenas uma atitude firme, respeitosa, lhes permitirá confiar em nossa idoneidade para governar suas vidas enquanto forem menores, porque vamos à frente liderando-os... e não atrás, carregando-os e rendidos às suas vontades.

Os limites abrigam o indivíduo.

Com amor ilimitado e profundo respeito."

Autor desconhecido

23 outubro 2008

Paisagens olfactivas...


Já foi há algum tempo que tive Geografia Social e Cultural... e como tal, já lá vai há muito que me foi apresentada pela primeira vez a expressão de "paisagem olfactiva".
Ao princípio parecia um pouco estranho...
Paisagem olfactiva... huummmm... mas o que é isto exactamente?
Mas após explorar o conceito e tudo o que por trás lhe é subjacente, é realmente possível descobrir e apreciar toda a beleza e razões que lhe dão forma...
De facto, há coisas que desde sempre gostámos de cheirar... porque cheiram bem! Porque o odor é agradável aos nossos sentidos...
E não são raras as vezes que cheira a algo e dizemos "Huuummmm... parece que cheira a..."
Facilmente associamos aos odores uma imagem pré-concebida daquilo que os produz...
E é, no meu ver, isso que se constitui como uma paisagem olfactiva... a capacidade de a um determinado cheiro associarmos todo um conjunto de representações mentais que lhe dão forma...

E quão bons são esses odores! O quão é agradável senti-los... e associá-los a algo que nos apraz... e transporta para outros lugares...

O delicioso e tão característico odor a fruta fresca de Verão que sentimos ao passarmos junto das mercearias e mercados que a vendem... e todo o conjunto de imagens que a elas associamos e ao contexto em que estão inseridas...

O aconchegador cheirinho a café com leite nas manhãs frias de Inverno... remete-nos para todo um conjunto de ideias que temos das épocas mais frias do ano...

Em contraste com o intenso cheiro a sol que a pele quente emana nos solarengos dias de Verão...

O acolhedor odor a castanhas que nos emoldura as paisagens outonais...

A doce fragrância a alfazema que nos transporta para as extensões de campos violeta que se estendem a perder de vista...

O deleitante odor a pão quente que nos conforta os sentidos...

Aquele cheirinho especial a terra molhada, ao qual associamos as primeiras chuvas da estação, e que tanto se nos entranha no olfacto...

Os místicos odores a especiarias que nos transcendem para o ancestral e mítico Oriente...

Os agradáveis temperos que nos trazem os magníficos odores das iguarias à memória...

O inconfundível cheiro a mar que interiormente nos aquieta a alma...

O cheiro aos saborosos grelhados, típicos da época das festas populares...

O chá... oh o chá... haverá algo que desde sempre mais despertou os sentidos pela variedade de sensações que os seus odores proporcionam... ?

E tantos, tantos outros odores aos quais associamos as mais variadas imagens mentais... que nos transportam para outros lugares... longe... bem longe...


21 outubro 2008

Ciclos diferentes...


Ai... às vezes tem-se tempo para escrever e não nos sai nada... parece que a imaginação e inspiração só surge quando estamos mais atarefados... Mas bem, para escrever nem sempre temos tempo, enquanto que para pensar já é mais fácil arranjar um furinho no nosso espaço mental...
Sabe bem andar por andar por aqui a pensar... e ver que muito daquilo para que olhamos suscita sempre algum pensamento mais curioso, digno de registo.

Mas também é bom observar aquilo que vai connosco mesmos... os nossos dias... as nossas rotinas... pequenos gestos mecanizados dos quais podemos tirar prazer diariamente... sem qualquer esforço... bastando apenas para isso, saber apreciá-los e à beleza que lhes é intrínseca.

Observar como a simples transição de um ano lectivo para outro pode fazer diferença em tanta coisa...
Como o fim de um ciclo pode significar uma mudança para outro ciclo, diferente, mas igualmente bom.

Sabe sempre bem mudar... não é que se esteja mal, mas mudar faz parte dos ciclos da vida...
E soube bem mudar para este novo ano.
É melhor? É pior?
Não.
É simplesmente diferente.

Um ano com um temperamento mais maduro, em que conhecemos e lidamos com outras pessoas, além das que já conhecíamos. Pessoas diferentes, que sempre nos acabam por dar algo, e contribuir para que sejamos pessoas melhores.
E é engraçado pensar que ao princípio iria estranhar este novo ano... por várias coisas... por exemplo, por ser em termos de horário mais nocturno, etc... de certa forma achei que ia ser estranho...

Mas tal como tantas coisas na vida que podem dar prazer diariamente, também essa adaptação às novas horas foi gratificante.
Afinal, não estamos tão sós nessas novas rotinas quanto pensávamos... há muitas outras pessoas a fazer o mesmo que nós...
E se calhar antes nunca tínhamos pensado nisso...

E no fundo acabamos por sentir que existem duas vidas com rotinas paralelas que se tocam nas extremidades...

E é bom sair e sentir o ar fresco da noite... a cidade a tombar para o vazio... sentir a noite bem cerrada a envolver-nos... sentir o frio a bater docemente no rosto...
E como é agradável ao fim da tarde olhar sobre as traseiras de algumas casas mais antigas de Lisboa... e ao fundo ver a silhueta da Sé e o castelo a emergirem no horizonte, que por trás esconde o Tejo... num anoitecer onde a Lua Cheia emerge alta no céu estrelado...


13 outubro 2008

Um ano de Meridianos Paralelos :)

Faz hoje um ano que criei este blog... no dia 13! Um número que gosto particularmente, devido a todo o mistério e superstição a que ele é associado. E também porque nasci dia 13, o que ainda confere mais singularidade à coisa... e era Sexta-feira... huummm... Sexta-feira 13... huummm... e segundo consta estava Lua Cheia também... huummm huummm...
Mas bem, criei o blog dia 13 por acaso, acho que só passado um ano é que reparei qual tinha sido o dia... só sabia que era por meados de Outubro. Mas o dia foi mesmo por acaso.
Tal como tantas coisas na vida...

E tal como os pensamentos que dedicadamente aqui tenho depositado ao longo de todo este tempo, sem dúvida que desfiz muitos dos meus "novelos mentais" (Mota: 2008), os quais parece que ao tomarem outra forma além de simples pensamentos, também se clarificaram.
Talvez uma coisa tenha sido consequência de outra.
Talvez.
Tal como tantas coisas na vida...

Mas quase que posso dizer que os meus Meridianos Paralelos são como que um pensatório para os dilemas mentais que me atravessam a mente... e para os pensamentos que a perpassam furtivamente em busca de refúgio em tantas outras mentes... Mas que sempre aqui deixam vestígios...
"Porque as ideias não são de ninguém", como eu disse há muitos posts atrás.

E para além do prazer próprio em criar e alimentar um blog, é sempre agradável trocar ideias com outros bloggers, entrar no seu mundo, pensar o pensamento deles, ver os seus pontos de vista, ideias, desabafos, sonhos, etc.
Por detrás de cada blog está muito mais do que aquilo que lemos... muito mais do que aquilo que podemos imaginar... e muito mais do que aquilo que podemos imaginar com o que lemos...

E sinto-me gratificada, passado um ano sentir que tenho algo que considero meu, e ao mesmo tempo, uma parte de mim. Como que um produto do meu esforço, empenho e dedicação.
E feliz por ao longo deste tempo ter conhecido uma maravilhosa Plataforma Mágica que me surpreende a todo o instante que passa... uma Felicitas Julia Olisipo que me derrete a cada palavra que profere... as surpresas de MyPostcrossing sempre com magníficos postais oriundos de todo o mundo... As Ilhas que espantosamente me encantaram com a graciosa e cativante beleza lunar da sua escrita... e, mais recentemente, um Esperar por Amanhã que assustadoramente me maravilha pelas suas metáforas e pensamentos de tempos imemoriais...
Entre tantos e tantos outros blogs pelos quais os meus olhos saltitaram... e outros em que se detiveram... outros que se espantaram, soriram, riram, choraram, viveram...

E para além dos Meridianos e Paralelos terem conhecido outros rumos paralelos, o que os consolidou, e deu força e alento para continuarem eles próprios... também serviram de incentivo para a criação de outros devaneios aqui pela blogosfera.
O que me deixou contente, tão perto do aniversário deste meu blog, saber que houve mais alguém que para desfazer as suas Cobras e Lagartos mentais viu na escrita blogosférica uma belíssima forma de exteriorizar e expor os seus pensamentos, desfazendo aqui o seu novelo mental...

Parabéns Meridianos Paralelos... e obrigada por todos os momentos de evasão...


05 outubro 2008

Ver, olhar e observar...

Vivemos numa esfera (um pouco amolgada nos pólos), à qual denominamos de Planeta Terra. Para nós "é um mundo"! Mas na verdade, apenas habitamos numa imensidão de massa que suavemente levita no infinito do cosmos universal.
E é bom ter a percepção disso, e estarmos cientes do nosso tamanho e posição que aqui ocupamos. Ter a noção de que há algo muito maior, que nos ultrapassa largamente...


E a consciência de que não dominamos nada, nem mesmo o pequeno mundo em que vivemos e o lugar em que afinal nos inserimos.
Saber isso é saber muito. É, no fundo, dominar mais do que aqueles que consideram ter um grande domínio de tudo. Esses não dominam mesmo nada.


Mas na verdade, diariamente podemos tentar, através das pequenas coisas, analisar e compreender o mundo em que vivemos... e pensar um pouco mais sobre aquilo que nos rodeia, e nos porquês de certas coisas...
Muitas vezes andamos cegos nesta vida! Vivemos de olhos fechados, sem observar as pequenas coisas à nossa volta... as quais se formos a ver, podemos apreciar diariamente, com apenas um abrir de olhos... e um "estar mais atento".
Porque muitas vezes de tão cegos que andamos, nem vemos o que realmente se passa à nossa volta!

Afinal, nem sempre olhamos com um olhar de ver, para as coisas mais simples com que lidamos todos os dias. É curioso desconstruirmos o que vemos. E é importante ter um olhar activo, atento e perspicaz... e deixar a mente deslizar como sorrateiros tentáculos, para esses domínios... Deixar que os pensamentos e o nosso olhar escorreguem para essas coisas...
Afinal os 5 sentidos são os nossos meios de recolher e apreender informação! Porque não lhes dar uso?
Podemos disfrutar deles, muito mais do que aquilo que pensamos...

É importante olhar, ver, observar, reflectir sobre tudo isso que o nosso olhar abarca, e interrogar-nos porquê? Porque as coisas são assim?
Cada um de nós tem a sua própria forma de ver as coisas e o seu ponto de vista, como tal, não conseguimos obter uma análise integrada da realidade, apenas uma realidade inteligível.
Essa, todos temos uma.

E para tal, o momento de observação é fundamental!


E como alguém me disse há dias "podem estar várias pessoas a olhar para uma mesma coisa, e verem mil coisas diferentes!". E as interpretações dessa mesma coisa podem ser ainda mais diversificadas.

Como tal, devemos tentar que essa nossa leitura geográfica do mundo em que vivemos seja diversificada, abraçando a totalidade da contextualização dos fenómenos que observamos! Ter uma visão multidisciplinar, abarcando os vários "layers" de que é composto o mundo.
Quando olhamos, não vemos mais do que uma complexidade integrada de fenómenos. E é essa visão que deve ser crítica! Não no sentido negativo, mas sim criticar o que observamos, interrogando-nos acerca das mais variadas coisas!
Porque isto é X e não Y?

É importante irmos para além dos limites da nossa percepção visual... Porque olhar, nem sempre é ver!
É crucial termos um olhar crítico, que vá além daquilo para que olhamos. Podemos observar muito mais do que aquilo que simplesmente vemos... e podemos olhar para tudo e só ver algumas coisas...
E quais os princípios que estruturam a forma como pensamos sobre aquilo para que olhamos?
O que rege o nosso pensamento?
Afinal nós é que condicionamos aquilo que observamos e não o que vemos.
E para percebermos as coisas, é importante ir para além do pensamento... mas também sentir o que vemos!
Impregnar-nos com o observado, com o ambiente, com o território... pois o que vemos, não é superficial. Na verdade, tem muita polpa.


As coisas que observamos são um puzzle... podemo-las ver partidas e compartimentadas pa ver as suas partes separadamente, mas no fundo, conseguir ter uma visão conjunta e final do todo.
É importante esta percepção global. É estar acima.
É conseguir observar o conjunto dos vários sistemas multi escalares, dos quais o mundo é composto.
É crucial termos sempre em mente tópicos de pensamento, dicas para pensar e reflectir... depois nós é que avaliamos segundo o nosso próprio ponto de vista.
Mas mais importante que tudo é olhar para as coisas e pensar nelas de uma forma sistémica e sistemática!
Porque o mundo vai evoluindo, e as coisas vão mudando... temos um planeta em constante mutação... e isso requer de nós, enquanto parte integrante dele, um equacionamento constante daquilo para que olhamos... daquilo que vemos... e do que podemos realmente observar...

02 outubro 2008

Fractais...

Já há algum tempo que ouvi falar em fractais... e já desde então fiquei fascinada com a sua beleza!
E hoje, durante uma aula bastante interessante e com imagens bastante apelativas, revi uma dessas infinitas imagens... um maravilhoso fractal... E eis que eles me voltaram à memória... talvez pela sua beleza ser tão ímpar, e ao mesmo tempo tão repetidamente deliciosa...



Na verdade os fractais são simplesmente formas geométricas que se caracterizam por repetir um determinado padrão com ligeiras e constantes variações...



Os fractais podem ser identificados na natureza, na forma dos bróculos, em árvores, mariscos, e em qualquer estrutura cujas ramificações sejam variações de uma mesma forma básica.


Em consequência da auto-similaridade, quando vistas através de uma lente de aumento, as diferentes partes de um fractal mostram-se similares à forma como um todo.


A ciência dos fractais apresenta estruturas geométricas de grande complexidade e beleza infinita, ligadas às formas da natureza, ao desenvolvimento da vida e à própria compreensão do universo.


Cada universo fractal, gerado a partir de uma única equação matemática, reproduz-se com a semelhança do todo...


E, sem explicação conhecida, iniciam-se diferenciações... criando novas formas...

Vivemos num mundo em que a ciência revela novos mistérios a cada dia... e para cada descoberta descortinam-se novos e inesperados horizontes... gerando mais e mais interrogações...


Os fractais deram origem a um novo ramo da matemática, muitas vezes designado como a "geometria da natureza"...
Este novo tipo de geometria aplica-se na astronomia, na meteorologia, na economia e no cinema...


As formas estranhas e caóticas dos fractais descrevem fenómenos naturais como os sismos, o desenvolvimento das árvores, a forma de algumas raízes, a linha da costa marítima, as nuvens...


A beleza das imagens... a complexidade da matemática... o caos...


São imagens abstractas que possuem o carácter de omnipresença, por terem as características do todo, infinitamente multiplicadas dentro de cada parte... Ou seja, cada partícula possui dentro de si a totalidade, o Universo!


É nestas pequenas grandes coisas, que constatamos como a natureza é perfeita... em tudo...