31 julho 2009

Exactamente assim.


Se está, está. Muito bem. Se não está, não está. Tudo bem na mesma. Não há problema, não faz mal.
Nunca nada faz mal. Se pode, é na boa. Se não pode, também não há crise por isso, fica para a próxima.
Só nos podemos ver e estar uma vez por mês, lá muito de vez em quando? Éh pá, tudo bem, não faz mal. Se puder mais vezes, também não há problema.

Está sempre tudo bem. Podemos estar poucas vezes, mas quando estamos, estamos sempre bem, independentemente da situação.
Nada de cobranças, nada de acusações, nem de apontar o dedo.
Sempre tudo bem. Sem problemas, nem chatices, nem intrigas, nem confusões, nem ambientes de silêncios pesados.
Se está, muito bem. Se não dá, fica para a próxima.
Mas está e continua sempre tudo igual e muito bem. Sempre.
É isso o principal.
Pode não ser muitas vezes, até pode ser raramente. Mas quando é, é para ser com sinceridade e do fundo do coração.
E é só isso que importa.
É exactamente assim.


27 julho 2009

Desanuviar e Espairecer...

Às vezes desanuviar um pouco, mesmo que seja só por um bocadinho, sabe tão bem...
Romper por umas horas os monótonos e cansativos dias de trabalho e desânimo... sabe tão bem...
Durante umas horas fazer uma pausa e fazer um pouco daquilo que realmente gostamos e que no fundo nos dá mesmo mais prazer de vida e alegria.
Há tanto tempo que não o fazíamos, que já nem sabíamos o quanto era bom!
Pouco tempo, pode ser tão compensador...
São apenas umas horas, mas de tão diferentes que foram dos últimos meses, que parece que o seu sabor perdura no tempo, alimentando-nos a alma e o espírito indefinidamente...
E são esses pequenos mas grandes momentos que nos revigoram e nos dão forças, que não sabíamos onde arranjar, para continuar o sinuoso e acidentado caminho que andamos a percorrer...
Foi por pouco tempo, mas valeu por muito tempo...


14 julho 2009

Miradouros...


Haverá algo mais lindo que um miradouro?
Só a própria palavra já nos inspira para tudo aquilo que um miradouro nos proporciona...

Se dissecarmos bem um miradouro, rapidamente nos apercebemos que ele nos dá uma "mira" de "ouro".

Os miradouros são todos diferentes e cada um deles partilha um bocadinho da sua história e tempo de vida connosco, enquanto lá permanecemos.

Normalmente localizados em locais de topografia acidentada, os miradouros proporcionam invariavelmente maravilhosas paisagens, debruçando-se sobre as cidades, rios, mares, vales e outros lugares a perder de vista...
Por todas essas características, os miradouros constituem-se eles mesmos como lugares idílicos, onde nos conseguimos evadir e transcender a outros mundos.
São lugares especiais que nos proporcionam momentos de reflexão, uma pausa no stress da vida diária, um canto para estarmos connosco mesmos e um olhar sobre um horizonte infinito sem limite temporal.

Há miradouros mais especiais que outros... aqueles pelos quais nutrimos um carinho e afeição... esses são os "nossos miradouros"... Lugares que guardam as nossas memórias e intensos momentos que lá passamos.
Normalmente associamos uma elevada dose de ternura a esses lugares, como forma de gratidão por tudo aquilo que nos propiciam.
Desde o espaço em si, à maravilhosa paisagem que conferem, as pessoas que o frequentam, o seu ambiente inconfundível, as gentes, e todo aquele misticismo oculto, espiritualidade e reflexões que um miradouro nos permite sentir.


Os miradouros perdidos são lugares que associamos a doces memórias de um passado longínquo... permitem-nos sonhar e evadirmo-nos dali... Enquanto lá estamos podemos falar com aquele alguém que está ali invisível ao nosso lado e que nos acompanha sempre que queremos.
Os miradouros são templos de contemplação do nosso passado, das nossas memórias, mas também do nosso eu interior, da nossa aura que nos cerca e que levita em torno de pensamentos furtivos, fugazes e eternos.

Lugares de transcendência e evasão por excelência, os miradouros permitem-nos aceder à componente mais imaterial do nosso ser... Basta nos sentarmos, fecharmos os olhos, e sentimos o que queremos... até perdermos a noção do tempo...
Falamos com quem desejamos, sentimos o vento no rosto e mãos leves e tentaculares em redor da nossa alma e corpo...

Erguemo-nos dali em pensamento para lugares até onde só o nosso inconsciente nos consegue levar...
Nunca sabemos ao certo quanto tempo permanecemos num miradouro. Lá o tempo não existe.

Mal se atinge a paisagem no horizonte, todo o ambiente nos imobiliza como que nos hipnotizando para sempre.
Olha-se a paisagem... sente-se o odor levemente a pairar no ar... Tudo conflui em nós, nos nossos sentidos... Em instantes erguemo-nos para bem longe dali... Evadimo-nos para lugares bem distantes... levitamos até ninguém sabe onde...
Tudo em nós é leve. Tudo flui em todas as direcções. Tudo e nada con
fluem num oculto que nos perpassa a pele e se crava nos sentidos.
Tudo e nada existe.

Basta sentarmo-nos, fecharmos os olhos, sentir o que nos rodeia e o que não está ali... sentir penetrar em nós toda aquela dimensão cósmica do universo infinito onde nos inserimos levemente a levitar...
É só fecharmos os olhos e deixarmo-nos ir... é o suficiente para atingirmos o Nirvana...

13 julho 2009

Inutilidade e vazio...


Hoje é dia de escrever no blog. Porquê? Talvez por ser dia 13.
E talvez por os dias 13 me deixarem sempre inquieta.

Ou talvez porque seja Julho.
E o mês de Julho é sempre associado a todas aquelas ideias de férias, descanso, praia, mar, sol, repouso, passeios, relaxar, descontrair, ir aqui e ali... às vezes até pode nem ser nada de especial, mas só a ideia de
ir dar uma volta e sair da monótona rotina habitual, já reflecte um pouco o espírito e todo o simbolismo que temos associado ao mês de Julho.
Mas, tal como este ano foi diferente em muitas coisas, também o Julho está a ser.


Apesar do simbolismo do mês continuar a existir, na verdade ele não se t
raduz em efectivos palpáveis que o justificam.
Ficamos apelas pelo simbolismo.
E contentamo-nos com a imaginação do prazer dos momentos que ele simboliza.

E é pena que o que está a ser este Julho, que no fundo é apenas a continuação de todo o ano que já ficou para trás, seja tão contrastante com a ideia que todos temos dele.
E pensar que o ano já foi inútil! Que foi um ano perdido! Que foi um ano em vão em praticamente todos os sentidos... ainda angustia mais que isso ainda persista por Julho fora e continue a esventrar os meses veraneantes para fazer ligação com mais um ano que vem aí, igual ou pior.


Porque às vezes, cada vez mais sentimos inutilidade no que fazemos... (e, assim, consequentemente no que somos?)

I
nutilidade perante isto tudo. Um vazio perante os dias.
Quando não há sentido, nem vontade, nem ânimo, nem alento, nem entusiasmo, nem lógica, nem utilidade no que se faz, é isso que sentimos.

Um vazio. Um profundo vazio.


E o mais difícil é tentar inverter a situação quando não há escape nem saída dela.
Ela é assim, e agora vamos ter de continuá-la até ao fim.
Até acabar.
Porque aquele é o caminho.
Mesmo que
já estejamos fartos e não queiramos mais isto?
Sim.
Porquê?
Porque agora tem de ser. Já não dá para voltar atrás.


Talvez no final disto tudo, alguma coisa mude. Pelo menos aí já há mais possibilidades. Ou não. Não sei. Logo se verá.

Até lá, isto tem de continuar assim. Sem ânimo, sem vontade, sem alento, sem lógica, sem sentido. Sem utilidade. Vazio.

E o que mais custa, é vermos que lá fora há uma vida imensa à nossa espera para ser vivida. E que ai
nda por cima ela tem tanto para dar, e nós temos tanto para receber e aproveitar dela.
Mas aqui continuamos. Amarrados. Atados.
Sem hipótese de romper estas correntes de chumbo invisíveis que nos fazem gritar num silêncio hediondo que não se resigna.


E ver que há pessoas que nunca se deixaram apanhar por essas correntes... e que vivem a vida levemente, sem grandes preocupações com o dia de amanhã.
Saboreiam desprendidamente o momento, sem se angustiarem com o que há de vir.
Vivem ao sabor do vento, sem pensar muito no dia seguinte. Apenas no dia de hoje.
Vão saboreando as ondas que vêm e vão, e o sol que se põe, alimentando-se de paisagens e sorrisos... e isso é o suficiente para viverem, porque depois logo se vê.

E fazem bem.
Porque o
momento presente delas, é a base para o depois, para o "logo se vê".
Constroem a vida aos poucos... vão construindo... sem pressas... E cada dia é o ponto de partida base para o próximo que aí vem.
Eu tudo segue o rumo normal calma e suavemente...

E enquanto elas vivem, nós cá estamos. Com dias cheios de coisas para fazer, trabalho a rebentar pelas costuras, o tempo cronometrado ao minuto, datas a não esquecer na agenda, super ocupados!!!
Mas vazios.
Dias cheios de coisas para fazer, mas nenhuma nos consegue preencher...
E por mais que tentemos, só nos sentimos ainda mais e mais vazios.
De tudo.
Profundamente vazios. Ocos. Sem sentido para nada.


Qual a capacidade de um dia vazio para servir de base e de ponto de partida para o dia seguinte?

(Memorial to the Empty Hearts)

07 julho 2009

Adolescência...


Adolescência é o tempo, em que tudo nos parece gigante
O nosso corpo é o centro, que se torna insinuante.
As lágrimas não são gotas, são chuva.
Os sorrisos, gargalhadas a bom rir.
Os abraços, as carícias e os beijos são desejos a fluir...

É a era do verde esperança, do azul imensidão... em que não importa ser racional, porque se vive com o coração.
Onde os sonhos são infinitos, e o amor é profundo...
Os problemas enormes, aflitos!
A dor e a desilusão do tamanho do mundo...

É o momento em que os pais, resistem em nos deixar crescer.
Querem-nos seus, pequeninos, tentando evitar que nos façam sofrer.
É a época do medo, com receio de o assumir...
mas também da aventura, da revolta a surgir...

É o tempo que não passa, porque tarda em passar.
Os minutos parecem dias, os dias parecem anos...

Quando lá estamos, queremos sair.
Quando saímos... queremos voltar...