17 abril 2009

Combinações espaciais...


Entrei no autocarro que sempre costumo apanhar... num sítio onde não há paragem... e pelo qual ele nem sequer passa...


Quando entrei, uma pessoa falou para mim. Reconheci que era a combinação de duas caras numa só face, de duas pessoas que apenas conheço muito ao de leve e raramente vejo...

Informou-me que provavelmente eu tinha apanhado o autocarro errado, porque aquele destinava-se a uma visita de estudo aos Médium... e eu não era de Geografia Física...

Dei-lhe razão e saí na paragem seguinte. E aí esperei calmamente que chegasse o meu autocarro, como se nada fosse.


Apanhei o autocarro e quando cheguei ao destino habitual, este não parou para que alguém saísse dele, continuou em frente como se nada fosse...
Mas eu de algum modo, não sei como, evadi-me do seu interior sugada por um fluxo de luz, do meu lugar directamente até à plataforma da estação de metro...

Apanhei o metro. E saí numa estação combinada. Uma estação onde fisicamente costumo sair, mas cujo nome não era aquele que figurava nas placas. A estação não estava igual e a plataforma não tinha fim.
E o mais estranho naquilo tudo era o facto de ela ter o nome de outra estação de metro, de outra linha, que ficava a muitos quilómetros de distância daquela.

Mas quando me apercebi... tal como o autocarro, o metro não tinha parado e eu tinha saído do seu interior sem me dar conta...


Na verdade ele havia tomado uma velocidade vertiginosa e nem sequer parou naquela estação onde eu "saí"!
Mas de alguma forma eu transpus a barreira física da
hermética carruagem, e algo me puxou de lá de dentro para a plataforma da estação...
Mal a toquei com os pés, comecei a andar a passo apressado ao longo dela, à procura da saída...


Quando tentava atingir a porta de saída, deparei-me com umas pequenas caixas no chão. Pareciam pequenos maços de cigarros que provavelmente alguém deixara cair sem querer.
Peguei nelas.
Mas quando me apercebi, o seu interior continha pequenas bolinhas verde fluorescentes, semelhantes a trufas, mas cintilantes e muito reluzentes. E eu já vira aquele invólucro antes, num lugar que sei perfeitamente identificar.

Mas mal peguei numa das caixas, apareceu um segurança a dizer que eu não podia mexer nelas, falando com seriedade e justificando-se com argumentos aos quais acenei, mas na verdade nem liguei muito ao que ele disse.
Mas tudo bem. Depositei a caixa e continuei o meu caminho para a saída.


Mais tarde fiquei a saber que as caixas apenas ficaram visíveis depois de eu as ter tocado... antes disso, só eu é que as conseguia ver...



E já todas as horas estavam trocadas. Mas eu tinha horas para alguma coisa? Tinha combinado algo com alguém? Quem? Já não me lembrava de nada!



Quando finalmente consegui sair para fora da estação, reparei que tinha saído no sítio que queria. Mas este não correspondia àquela estação fisicamente, nem ao nome que era de outra, mas que indicava ser aquela.

Mas fui ter ao lugar que queria, e isso é que importava.
Um lugar que uma vez já tinha encontrado também desta forma, e que não é mais do que o prolongamento em extensão física de um canto muito especial, até a um espaço com um grande eixo visual.

Talvez isso queira dizer que fiz uma boa idealização inconsciente de como gostava que aquele espaço fosse. Ao ponto de o ter idealizado duas vezes da mesma forma...

Mas na realidade não sei porquê, porque até considero que ele está bem assim como é de facto. Se fosse maior, seria mais impessoal e menos acolhedor.
Mas não liguei, e fui exactamente para trás desse lugar.

E aí encontrei pessoas. Pessoas que existem e que eu conheço.
E estavam todas num sítio, no qual eu passo frequentemente, embora totalmente alienada, dado já ser tão instintivo fazer aquele trajecto, que já nem sequer penso nele.
Mas rapidamente notei algo de errado. Alguma coisa ali estava completamente diferente.
A topografia estava mais acidentada, tinha uma inclinação que antes não tinha, estava arrelvado e tinha umas oliveiras vítimas de reptação.

Achei estranho, mas não dei muita importância.
Conversei com essas pessoas, e após atitudes suas que me fizeram verificar que era com elas que estava realmente a falar, acabámos por ir todos para um lugar comum ali perto...



Depois mais tarde vim a saber que aquele sítio me parecera estranho porque estava fisicamente combinado com um lugar onde eu outrora havia estado há muito tempo...

Um lugar especial...

...
... muito a Norte dali...


Um lugar onde os pauliteiros ainda cantam...



1 comentário:

Luís disse...

Esta fez-me pensar. :) Entretanto,o espaço pode ser sobreposto assim como dois momentos podem parecer iguais... ah, uma variante barata da teoria da relatividade. Foi um sonho?