13 abril 2009

Dançando e aprendendo...


Há trinta anos, os adolescentes encontravam o sexo oposto em bailes d
e salão organizados por clubes, igrejas ou pais responsáveis, preocupados com o sucesso reprodutivo de seus rebentos.

Na dança de salão, o homem tem uma série de obrigações, como cuidar da mulher, planear o rumo, variar os passos, segurar com firmeza e orientar delicadamente o corpo de uma mulher.

Os homens levam três vezes mais tempo para aprender a dançar do que mulheres.
Não que eles sejam menos inteligentes, mas porque têm muito mais funções a executar.

Essa sobrecarga em cima do homem permite à mulher avaliar rapidamente a inteligência do seu par, a sua capacidade de planeamento, a sua reacção em situações de stress. A mulher só precisa de acompanhá-lo. Ela pode dedicar seu tempo exclusivamente à tarefa de avaliação do homem.


Uma mulher precisa de muito mais informações do que um homem para se apaixonar, e a dança permitia a ela avaliar o homem na delicadeza do trato, na firmeza da condução, no carinho do toque, no companheirismo e no significado que ele dava ao seu par.

Ela podia analisar como o homem lidava com o fracasso, quando inadvertidamente dava uma pisada no seu pé. Podia ver como ele se desculpava, se é que se desculpava, ou se era do tipo que culpava os outros.

Essa convenção social de antigamente permitia ao sexo feminino avaliar, numa única noite, vinte rapazes entre os 500 presentes num grande baile. As mulheres faziam um verdadeiro teste psicológico, físico e social de um futuro marido e obtinham o que poucos testes psicológicos revelam. Em poucos minutos, conseguiam ter uma primeira noção de inteligência, criatividade, coordenação, tacto, carinho, cooperação, paciência, perseverança e liderança de um futuro par.

Infelizmente, perdemos esse costume porque se começou a considerar a dança de salão uma submissão da mulher ao poder do homem, porque era o homem quem convidava e conduzia a mulher.

Criaram o disco dancing, em que homem e mulher dançam separados. O homem não mais conduz, nem sequer toca no corpo da mulher.
O som é tão elevado que nem dá para conversar. Os usuais 130 decibéis nem permitem algum tipo de interação entre os sexos.
Por isso, os jovens criaram o costume de "ficar", o que permite a uma garota conhecer, pelo menos, um homem por noite sem compromisso, em vez de conhecer vinte rapazes numa noite, também sem compromissos maiores.

Pior... hoje o primeiro contacto de fato de um rapaz com o corpo de uma mulher é no acto sexual, e no início é um desastre. Acabam fazendo sexo mecanicamente, em vez de romanticamente, feito a extensão natural de um tango ou bolero.

Grandes dançarinos são grandes amantes, e não é por coincidência que mulheres adoram homens que realmente sabem dançar, e se apaixonam facilmente por eles.

Masculinizamos as mulheres no disco dancing, em vez de tornar os homens mais sensíveis, carinhosos e preocupados com o trato do corpo da mulher.

Não é por acaso que aumentou a violência no mundo, especialmente a violência contra as mulheres. Não é à toa que perdemos o romantismo, o companheirismo e a cooperação entre os sexos.

Hoje, uma rapariga ou um rapaz tem de escolher o seu par num grupo muito restrito de pretendentes, e com pouca informação de ambas as partes, ao contrário de antigamente.

Os homens não se tornam monstros e as mulheres não se tornam megeras depois de casados.
As pessoas mudam muito pouco ao longo da vida... na realidade, elas continuam a ser o que eram antes de se casar.
Nós é que não percebemos, ou não soubemos avaliar, porque perdemos os mecanismos de antigamente, de selecção a partir de um grupo enorme de possíveis candidatos.

Fico feliz ao notar a volta da dança de salão, dos cursos de forró, tango e bolero, em que novamente os dois sexos dançam juntos, colados e em harmonia.

Entre o olhar interessado e o "ficar" descompromissado, eliminamos, infelizmente, uma importante etapa social, que era dançar, costume de todos os povos desde o início dos tempos.

É importante ajudar a reintroduzir a dança de salão nos clubes, nas festas, nas associações, para que os homens aprendam a lidar com carinho com o corpo de uma mulher.

2 comentários:

Luís disse...

Céus! Não fazia ideia que a dança de salão era assim tão importante! :O Só sabia que foi assim que os meus avós se conheceram. :P Mesmo assim, veio mesmo a calhar, por qualquer motivo que seja. :)

sonita disse...

Hmmm mt interessante... é verdade, agora não se dança... abana-se e pula :P é mesmo a solidão na multidão, em q cd um dança pa si...