25 janeiro 2008

Dias que passam...

Sinto-me cansada… desgastada… totalmente consumida...
Passam os dias, passam as semanas, e o q em mim acumulo é cansaço, fruto do esforço dispendido em trabalhos, de horas e horas em frente ao computador…
Gosto do que faço. Isso é, sem dúvida, um ponto assente.
No entanto, às vezes o cansaço é tão grande que quase nem consigo apreciar como gostaria, aquilo que estou a fazer…
O facto de a pressão do tempo ser tão grande, e de exigirem de nós, às vezes mais do que é humano, leva a uma saturação tal, que chega a uma altura, já é muito difícil de a contrariar…
Já tenho saudades dos pequenos passeios após as aulas… das idas ao Miradouro de Santa Catarina… do passeio de 28 há muito prometido… de ir para Belém passear junto ao rio... dos lanches no Alexandro Nannini…
Tantas coisas que já ao tempo que não faço, em prol de obrigações que me extenuam… me sugam as forças por completo…
Isto tudo ainda a juntar com a imagem desconhecida do futuro próximo que aí se avizinha... o que agrava a ansiedade, por mais que me tente apenas concentrar no presente.
O corpo já cansado, poucas horas de sono, muito trabalho ainda a fazer, horários a cumprir… todo um conjunto de coisas que acumuladas, chega a um ponto que só apetece desistir de tudo!
E a única coisa que dá vontade é enfiar-me no meio dos lençóis e sonhar para bem longe daqui…

22 janeiro 2008

Com lágrimas nos olhos…

Às vezes, quando menos esperamos, temos momentos tão doces, ternos e tão ricos em sentimentos, com pessoas que nos amam tanto…
E nós, muitas vezes com o stress do dia-a-dia e com a rotina do quotidiano, acabamos por nos “esquecer” delas...
No entanto, essas pessoas, embora já numa fase de vida mais avançada e sem nada para fazer, afirmam-nos sem qualquer vergonha que se lembram de nos várias vezes por dia, interrogando-se como estamos, se estamos bem, esperando que tudo vá pelo melhor connosco, mesmo que não nos telefonem a perguntar.
Interiormente desejam-nos tudo o que pode de haver melhor na vida e que tenhamos tudo o que eles não tiveram…
Levaram a vida a trabalhar para um futuro melhor e para ajudar os filhos e os netos.
Amam-nos incondicionalmente e muitas vezes superam-se a si próprios ao ponto de se continuarem a esforçar para o bem-estar dos seus descendentes, sem pensar uma vez que seja, em si próprios e em como já estão desgastados pela vida, pelo sol, pela idade… e que agora é a vez de eles descansarem e de serem tratados por nós, como nós outrora já fomos tratados por eles…

Ansiosos todos os dias pela visita semanal que lhes fazemos, quando nos vêem abre-se um sorriso de felicidade no seu rosto… e nos olhos a brilhar de emoção, podemos ver o valor que temos para eles, o quanto significamos nas suas vidas, o quanto os fazemos felizes… e a alegria e paz que enchem os seus corações aos ver-nos.
Nem imaginamos o valor que essas pessoas dão a cada minuto que estamos com elas… para elas é uma bênção! E a felicidade que têm nesses momentos transparece-lhes no olhar, como a água no seu estado mais puro.

E vêem-me as lágrimas aos olhos quando penso em tudo isto e no quanto tempo da nossa vida já desperdiçámos, e que poderíamos ter aproveitado a estar com essas pessoas.
Nós jovens, temos 19, 20, 21 anos… e por aí… “somos novos”, “ainda temos uma vida inteira pela frente”, “ainda estamos no início da vida”… não damos nem uma vez valor ao que pode representar um ano na vida de uma pessoa mais velha…
Eles, mais velhos, conscientes de que já não vão durar muito, afirmam isso mesmo sem qualquer espanto. Estão cientes daquilo por que já passaram, dos problemas que já têm derivados à velhice e do corpo já começar a fraquejar, cansado das vezes que já viu o sol nascer…
Essas pessoas dão valor a cada dia que passa, apenas esperando que chegue o próximo… contrariamente aos jovens que se dizem ainda “novos” e com “a vida pela frente”…
Como nos enganamos… nem imaginamos o quanto estamos errados…

Com a estúpida rotina do quotidiano, muitas vezes nem damos valor a estas pessoas que nos são muito queridas, quase nos esquecemos delas em prol dos afazeres, dos horários, do trabalho, da hora de jantar… esquecendo que as pequenas coisas, os sorrisos, a ternura e os carinhos, contam muito mais…

Porque não pensamos mais, antes de continuar cegamente a correria do dia-a-dia, no que levamos connosco desta vida?

...


E é nos momentos que passo com o meu avô, que as minhas raízes sorriem… em que ele me conta histórias de quando era novo, de quando era criança, como era a vida dele, como desde logo cedo foi trabalhar para o campo de sol a sol, como se fazia a apanha da uva no tempo dele, como era o tratamento da uva nos lagares e nas adegas…
Histórias que fazem sorrir o meu coração e comover a minha alma…

Muitas vezes, como sempre vimos os nossos avós como sendo mais velhos, quase que achamos que sempre foram assim. Quase que criámos essa imagem desde crianças, e nem pensamos que também foram novos, e que também tiveram pai e mãe.

Ontem, o meu avô andou comigo pela sua casa a passear, e a entrar nas várias divisões, mostrando-me calmamente e sem pressa, cada foto que estava exposta… algumas já antigas e gastas pelo tempo…
Deambulou comigo, e deteve-se calmamente em cada fotografia que observava, fixando-se e recordando o momento em que ela fora tirada, como se aquele pedaço de papel guardasse um pedaço de vida nele…

E o que mais me comoveu foi a veneração e a estima que ele tinha para com a foto do pai… e o quanto desejava também ter a foto da mãe…
E já com lágrimas nos olhos me confessou que todos os dias antes de se deitar, olhava o seu pai, venerando por momentos a fotografia daquele que lhe deu vida, e que ainda hoje guarda no coração…




Pena que a expressão “aproveita cada dia como se fosse o último” não possa ser levada à letra… Porque se eu soubesse que hoje era o último dia da minha vida, tinha ido ter com o meu avô…

11 janeiro 2008

Momentos a recordar...

Há alturas em que estamos cheios de coisas para fazer… em que para qualquer lado que nos viremos, parece que nasce mais e mais trabalho, sem fim à vista…
E por vezes sentimo-nos completamente perdidos… como que a andar sobre o vazio… a caminhar sem rumo… sem destino…
É nessas alturas que melhor sabe a presença dos amigos junto de nós... Daqueles que realmente gostamos e que nos conhecem e sabem do que precisamos… porque quando o mundo desaparece e tudo se abate sobre nós, só alguns é que emergem à superfície...
E às vezes nem imaginam a alegria e felicidade que nos conseguem transmitir… mesmo sem se darem conta disso…

Ontem o dia soube bem… na verdade, mesmo muito bem!
Belos passeios pelas maravilhosas ruas de Lisboa, a deambular sem destino… andar sem rumo certo pelas ruelas… a conversar sobre tudo, ao mesmo tempo que admirávamos as pessoas, as lojinhas típicas, os edifícios e fachadas… e aquele sol que sempre ilumina Lisboa radiosamente…

E depois mais para a noite, pensando apenas que ia simplesmente tomar um café… ficámos horas a fio a conversar… sobre tudo… tudo… e sobre nada…
Conversámos como se nos conhecêssemos desde sempre… sem ter horas para voltar para casa… sem pressa… e às vezes com silêncios preenchidos de calorosos sorrisos que não necessitam de palavras para serem compreendidos…
Horas em que o tempo passou sem darmos por isso… e em que os assuntos fluíam como ondas que cedem lugar a outras que lá longe vêem… como as do mar que víramos fundido no céu negro sob a luz da Lua…



Dias para mais tarde relembrar… Noites para nunca esquecer… Momentos a recordar…



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“ Que a próxima vez que eu te vir, que seja na Terceira! “


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Dois anos depois…



“ Que a próxima vez que eu te vir, que seja em Munique! ”



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05 janeiro 2008

Laços...

Cheguei há dias de Granada. De um intercâmbio entre os Coros Juvenil e Infantil de Torres Vedras e um dos seis melhores coros de Espanha.
Apenas 5 dias, no entanto, simplesmente inesquecíveis.
Para além de termos tido logo de imediato um jantar de recepção super acolhedor, isso continuou durante todo o resto da viagem.
Visitámos sítios lindos, sempre os três coros juntos, o que conferia ainda mais, uma maior predisposição para o convívio e melhor conhecimento entre todos nós.
Adorei a cidade de Granada, muito acolhedora e com os seus tons arabescos que lhe conferem um toque muito especial, bem como muitos outros sítios que visitámos.
Para além de toda a viagem ter sido super rica no que se refere ao aprofundamento dos laços existentes entre os elementos do coro infantil e juvenil, isso também o foi para com os elementos do coro de Granada, com os quais trocámos experiências e aprendemos muito.
Para além de terem sido cinco dias super cheios de tudo, passeios, sorrisos, emoções, música, carinhos, e boa disposição à mistura, houve ainda uma série de coisas que aprendi e outras que apenas confirmei.
Aprendi que por mais experiência que achemos que os outros têm e que por mais que achemos que eles são bons, não devemos subestimar o nosso trabalho, mas sim valorizá-lo, porque nunca sabemos o que os outros vão achar, e o que eles vão achar pode ser uma grande surpresa para nós.
Aprendi que existem pessoas que aparentemente parecem bem diferentes de nós, mas que quando falamos com elas, descobrimos muitos aspectos em comum entre nós... e que há coisas em que essas pessoas pensam, que são as mesmas que nos passam às vezes pela cabeça, e que muitas vezes nos sentimos ridículos ao ter esses pensamentos. Afinal não somos só nós que os temos!
Aprendi que sem menos esperar se descobre uma pessoa com quem se gosta de falar… e que os amigos estão cá sempre, para tudo mesmo…
Aprendi que é sem dúvida muito bom reforçar os laços com as pessoas que conhecemos, mas que às vezes até nem nos damos muito… pois no fundo esses laços são mais fortes do que pensamos, apenas estão desvanecidos pelo quotidiano rotineiro.
Aprendi que não é assim tão difícil conhecer pessoas novas... basta querer, basta ter algo em comum, nem que seja um sorriso…
E neste caso, não foi apenas a música coral que nos uniu… os laços foram para além disso…

04 janeiro 2008

Ambientes…

O Natal sempre foi aquela calorosa época de reencontro entre as pessoas, depois de muito tempo que estamos sem as ver. É aquela altura do ano em que apesar de termos os dias totalmente preenchidos de coisas para fazer, arranjamos sempre um tempinho para estar com os que nos são mais próximos e de quem sentimos carinho. Porque se não for no Natal, então nunca será mesmo.
Os dias próximos do Natal sempre foram dias cheios! De tudo! Tanto de coisas para fazer, como de pessoas para ver, novidades para dar, sorrisos para oferecer! Enfim, são dias cheios de emoções em que reencontramos pessoas que durante o ano não vemos. Dias que por serem tão ricos de tudo, apetece registar os sentimos, o que fizemos, quem vimos, etc.
São os dias do frio que aquece a alma e o coração, em que todos se vão progressivamente preparando para a consoada, sendo os jantares de Natal que brotam por todo lado, uma antecipação à noite de dia 24 de Dezembro.

Há uns tempos, pela época das Castanhas, em mais uma saída à noite, fui a um Magusto de Danças Europeias. Apesar de já ter alguma ideia no que estas consistiam, foi a primeira vez que participei realmente em uma. E aí percebi como também os países mais frios têm coisas boas ao nível do contacto entre as pessoas, pois fui recebida de uma forma tão calorosa e num ambiente tão acolhedor, que até me sentia pertencer aos países mais nórdicos.
Desde danças francesas, holandesas, alemãs, israelitas e até mesmo da Estónia, de tudo um pouco se dançou. As danças europeias que remontam já do século XVI, e persistem até hoje a aquecer o coração de quem vive em climas mais frios.
E todas as danças, fossem elas de onde fossem, foram pretexto para a troca de sorrisos entre as pessoas, servindo precisamente para todos terem oportunidade de se conhecer e de se falar.
E fiquei a perceber que apesar de no Sul haver um ambiente mais quente e propício ao convívio de rua entre as pessoas, também nos países mais frios existe esse contacto, no entanto, este é feito indoor e de um modo bem diferente, mas com um acolhimento e recepção muito calorosos, recheados de afectos.

Depois das Danças Europeias ainda fomos sair outra vez, para um sítio à beira mar que normalmente apenas vamos no Verão, mas que foi igualmente interessante e curioso observar as suas diferenças entre o Verão e o Inverno, ao nível de tudo…