29 outubro 2007

Espaços…

É engraçado observar como os espaços são tão diferentes, não há nenhum igual a outro. Em sentido nenhum.
Tanto variam de pessoa para pessoa, como em diferentes momentos do dia, ou do ano…
E é curioso pensar que razões levam certas pessoas a se sentirem mais à vontade para preferirem um determinado espaço, em detrimento de outro.
Que factores existem no espaço X, que levam essas pessoas a apropriarem aquele espaço?
E porque é que as características de Y são mais ao gosto de outras?
É engraçado pensar em tudo isso… e mais ainda observar o modo como as pessoas se distribuem pelo espaço e a forma como nele permanecem… descontraídas, tensas, atentas, pensativas… E porquê?
Porque é que o espaço X provoca determinada sensação numa pessoa e, para outra é completamente indiferente?
E por aí adiante…

Deambular é das coisas que mais aprecio fazer… quer seja em cidades (grandes ou pequenas), como em aldeias… ou no campo, ou à beira-mar…
Qualquer sítio tem sempre algo para observar.
Algo que me faz deter para o contemplar.
Qualquer sítio me confere sempre um tipo de sensação diferente, consoante o que sinto, vejo, observo, penso, vivo…
Acima de tudo, sentir o que me perpassa os sentidos e, observar as diferenças e comparar…
Sem qualquer juízo de valor!
Apenas comparar… porque apenas isso revela muito sobre cada sítio.
E é igualmente engraçado e curioso pensar que, sítios que às vezes são tão próximos, podem ser tão diferentes, apenas com o virar da esquina!
E isso deve-se a quê?
Porque nos sentimos tão diferentes de X para Y ?
O que há ali que nos conforta ou desassossega?



Ainda a semana passada aquando uma ida à Baixa Lisboeta, deparei-me com um Rossio que brilhava em todo o seu esplendor!
Emanava o seu vibrante poder de afirmação de tudo aquilo que ele é!
Orgulhando-se da estonteante e resplandecente vida que o atravessava!
Até nem estava sol praticamente, mas tudo conferia uma tonalidade mágica àquele espaço.
O burburinho das pessoas atarefadas de um lado para outro a fazer algumas compras, outras já a ir para casa, todo o movimento e o fluxo que conferiam àquele espaço, em conjunto com o cheiro a castanhas e os pregões que pairavam no ar…
O Rossio era contemplado lá do alto, pela sumptuosa Igreja do Carmo e, pelo olhar vigoroso do Castelo de São Jorge.
Imponentes a perante a azáfama do Rossio, centro de um fervilhar de actividade humana e de um corrupio constante…
Aquela típica imagem do Rossio Lisboeta estava no seu vigor.
De todo o lado despoletavam pessoas apressadas, ao mesmo tempo que os edifícios mantinham a sua calma e as olhavam pávida e serenamente, sem pressa, gozando o facto de estarem ali, mas quase só os turistas ali presentes, os apreciarem.
Esta é realmente uma imagem bastante “normal” do Rossio, afinal seja Inverno ou Verão, dia ou noite, o Rossio está sempre apinhado de pessoas e passos apressado.

Mas de noite não é bem assim… passados uns dias, passei pelo Rossio às cinco da manhã… em plena madrugada.
As diferenças eram mais do que muito evidentes.
Saltavam à vista de qualquer um que por ali não passava.
Não se avistava vivalma!
Todo aquele frenesim puro, havia desaparecido como que por magia.
Interroguei-me onde será que todas aquelas pessoas estariam naquele momento?
O Rossio estava nu.
Desprovido de qualquer vestígio humano.
Nenhum som ressoava na calçada.
Um silêncio gritante.
O Rossio, ali abandonado, nem parecia o mesmo.
O sol reluzente que tanto iluminava graciosamente aquele espaço, cedeu lugar a candeeiros que apenas alcançavam as pedras mais próximas da calçada.
Reinava a paz.
O silêncio.
O Rossio dormia e descansava acordado.
Roçava os céus estrelados.
Numa calma e numa paz que deleitavam qualquer bom apreciador de paisagem.
Tão belo de noite, como de dia…

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