05 fevereiro 2009

Robots e Fantoches...


Somos só um bocado de carne e osso com pernas para andar, que transporta em si o que de mais valioso temos nesta vida, a nossa essência, o nosso ser. Na verdade, a nossa aparência física é o simples embrulho animado de um ser com vida.
A nossa essência, o nosso eu, a nossa alma... isso sim, é o que conta. É ela que nos comanda.
É ela que sempre existiu, apenas vai passando de invólucro em invólucro, assumindo novas e diferentes faces.

Mas no fundo é sempre a mesma, apenas se vai moldando e consolidando nesse saltitar entre corpos, tomando posse dos movimentos destes, seus súbditos.
A alma salta ao longo da sua vida, pela vida de vários corpos, que não são mais do que pedaços físicos onde ela se aloja para atingir os objectivos a que se propôs nesta sua reencarnação.
Uma alma pode ter vários corpos, porém, um corpo só tem uma alma. Não existe mais do que um corpo com a mesma alma. É uma relação impiedosamente unívoca.

Não há prova mais real e verdadeira de que o físico, o aspecto, não importa. Porque é só fachada. Porque o que é realmente importante, é imutável através dos tempos, através das vidas e das reencarnações.
Por isso, é em vão que se enfeita o invólucro, ele é passageiro. Há sim que cultivar o seu interior, esse é que perdura, é aquilo que lhe dá vida nesta vida. E que há de dar vida a outro invólucro, noutra vida.

A alma não se aloja em determinado corpo por acaso. O que ela pretende não é mais do que alcançar os objectivos que esta etapa de vida lhe reserva. E o corpo é o meio para ela atingir os seus fins.
O corpo não é mais do que algo comandado pela alma, para esta conseguir obter o caminho que lhe irá indicar os próximos objectivos da reencarnação que se seguirá à presente.

Às vezes podemos pensar porque é que nos damos mais com certas pessoas, e porque é que gostamos especialmente delas... no fundo, tentamos perceber qual a razão de tanta química se afinal não as conhecemos assim tão bem, nem assim há tanto tempo!
E se calhar nunca pensamos que já conhecíamos aquela pessoa de outro sítio, de outro ambiente, e de outra vida.
Não desta.
E talvez seja aí que reside a explicação para a aparentemente incompreensível e imensa afinidade entre certas pessoas.

Devemos preocupar-nos mais com aquilo que somos do que com aquilo que temos no sentido material. O que temos, só deve ser importante no sentido mais transcendente de ascensão à nossa essência mais profunda.
Não importa o que temos nesta vida, não importa os objectos que o invólucro tem. Porque a única coisa que dele tem vida, é a sua alma. Ela é a única que vai permanecer depois de o embrulho se ter ido.

A vida não é mais do que o cruzamento de almas que re-emergem em corpos diferentes. Nunca morrem. Adormecem por uns tempos e, após profunda introspecção do que vão buscar desta vez, retomam-se energizadas noutros corpos.
Por isso, o que importa às almas quando vêem habitar um novo corpo, apenas mais um durante a sua longa jornada de vida infinita, é enriquecer-se progressivamente. De ideias, experiências, contacto com outras almas... Algumas ela já conhecia de vidas anteriores. Outras está a conhecer agora pela primeira vez.
E há de voltar a encontrá-las daqui a uma ou duas vidas mais tarde. Encontrá-las-a certamente mais experientes e conhecedoras. E com outras faces.

O que cada um de nós vem cá buscar a este mundo não é adornar-se nem enfeitar o seu invólucro, mas sim usá-lo como um meio de enriquecer o que lhe dá voz, o que é na verdade a sua essência. Porque as almas vêm e vão calmamente. E se o invólcuro desta vida não lhes oferece aquilo que elas vêm procurar dessa vez, simplesmente deixam-no. Sem dó nem piedade.

E partem para outro, que melhor saberá tomar conta delas e levá-las progressivamente à procura do seu caminho, do melhor caminho, desta vida, de todas as vidas, de sempre.
Em busca do caminho certo, aquele que as transporta para o seu destino.
Uma viagem sem princípio, e que o término nunca se avizinha na linha do horizonte.
Uma linha imaginária, de um destino sem fim...


1 comentário:

Anónimo disse...

Porque será que as memórias são tão ensolaradas e tão difíceis de se reviver? No entanto, aquele Sol é a nossa felicidade e levamos connosco uns três ou quatro momentos, dias que mais nos lembram que as coisas mudaram. Não deveria haver lugar para arrependimento, o arrependimento ofusca as memórias, a nossa própria imagem de felicidade, assim vamos passando os dias, na claridade. o Sol está lá, porque também ainda cá está.