07 agosto 2011

Ao pé do Farol não há luz...


Os pais fazem dos filhos, involuntariamente, algo semelhante a eles, a isso denominam “educação”.

Li, certa vez que, ao pé do Farol, não há luz.

Mas, e o que dizer, quando falamos não de uma proximidade geográfica, mas emocional, como na relação entre pais e filhos, por exemplo?


Somente hoje, vejo o suficiente para enxergar, com relativa nitidez, a luz do Farol dos meus pais e para compreender a liberdade acolhedora de seu amor que, antes, eu percebia como sufocante e limitador.

Foi preciso "atirar-me" ao mar, navegar nas ondas e intempéries daquilo a que chamamos vida, para vislumbrar não somente em que me tornei, mas também para reconhecer a segurança do porto de onde parti.

Só assim pude entender não apenas o que hoje sou, mas de que raízes brotei...

Já Kahlil Gibran diz “Vossos filhos não são vossos filhos. São filhos e filhas da ânsia da vida por si mesma.”

Como todos os jovens, sempre clamamos por liberdade. E, como todos os jovens, ignorantes e esquecidos dos perigos do desconhecido, enxergava apenas o mar que à minha frente se expandia.

Instintivamente sempre temos em mente a ideia “Deixa-me viver, concede-me a liberdade plena da experiência.”

Lembro que toda vez que discutimos com os nossos pais sobre liberdade, eles nos falam dos perigos que a vida nos reserva.

Mas eu, que estava ao pé do Farol, enxergava apenas a beleza do horizonte e os meus olhos não percebiam a dureza do percurso...

Os filhos crescem, amadurecem, e percebo que, muitos pais, continuam a tratá-los como se tivessem sempre a mesma idade, a mesma mentalidade, as mesmas fraquezas...

Como hoje eu entendo que, para aprender a navegar, precisamos desafiar os tormentos e as borrascas do mar, é chegada a hora de aceitar um dos inevitáveis desígnios da vida: se estamos ao pé do Farol, só podemos ver a luz se entrarmos mar adentro...


E o melhor que nos podem fazer, é desejar-nos boa viagem.

E torcer para que carreguemos connosco um pouco das nossas raízes…

“Acreditar que basta ter filhos para ser um pai é tão absurdo quanto acreditar que basta ter instrumentos para ser músico."
Mansour Chalita

1 comentário:

Mourning Bride disse...

Adorei miga. Dá uma passadinha no meu blog.
Bjinhos