Today, if Friedensreich Hundertwasser was alive, he would be 83 years old...
15 dezembro 2011
Friedensreich Hundertwasser birthday...
Today, if Friedensreich Hundertwasser was alive, he would be 83 years old...
13 dezembro 2011
Obesidade mental...
O professor Andrew Oitke publicou o seu polémico livro “Mental Obesity”, que revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral.
07 dezembro 2011
Desabafos pós-modernos...
Repletos de cores que apelam aos sabores do nosso imaginário, de sentimentos de prazer que nos vai proporcionar se os adquirirmos…
Está ao alcance de qualquer um, porque são os objectos que chamam por nós, e nós (oh, coitados de nós, que somos tão fracos!) não vamos conseguir reprimir nem controlar a ânsia e vontade de os possuir!
E possuí-los vai colocar-nos logo no pedestal dos deuses pelo prazer e pelo acto indispensável que é ter aqueles objectos…
Mas na verdade isso é apenas uma prova de fraqueza não conseguir resistir aos apelos do consumismo da sociedade actual!
E é realmente um grande desafio que cada um de nós tem pela frente, enfentar e conseguir ter a capacidade de resistir e ultrapasar estes obscuros fantasmas coloridos, e nebulosas densas de publicidade gritante, cores e letras garridas que nos testam ao limite dos nossos sentidos…
30 novembro 2011
Corres irreais...
Qual é a cor do céu? E das nuvens? E das estrelas?
E a cor do mar? Qual é? O teu mar tem a mesma cor que o meu?
Huummm, não sei… talvez.
E qual é a cor das montanhas, da chuva e da neve? De que cor são os rios e o vento? E as tempestades, os raios, e trovões?
Não sei, mas de qualquer forma essas coisas têm cor. Têm?
Huummm….
E qual a cor da saudade? Do amor e da paixão?
Qual a cor do entusiasmo, do sorriso e de um abraço?
Que cor tem a ternura de um beijo? E qual a cor da paz e do desejo?
Não sei.
Mas essas coisas normalmente não têm cor.
Somos nós que lhes damos cor…
14 novembro 2011
About the uneven floor...
The flat floor is an invention of the architects. It fits engines, not human beings.
We do not only have eyes to see and ears to hear and noses to smell.
We also have a sense for the touch of our hands and our feet.
If man is forced to walk on flat floors as they were planned thought - lessly in designers’ offices, estranged from man’s age old relationship and contact to earth – a decisive part of man withers and dies. This has catastrophic consequences for the soul, the equilibrium, the well being and the health of man. Man’s ability to experience ceases and he becomes disabled, mentally and organically.
An uneven and animated floor means to recover dignity of man which has been violated in our unnatural and hostile urban grid system.
The uneven floor becomes a symphony, a melody for the feet and brings back natural vibrations to man.
Architecture should elevate and not subdue man. It is good to walk on uneven floors and regain our human balance.
08 novembro 2011
Cidades Fantasma no Dia Mundial do Urbanismo...
Gunkanjima
Hashima Island é uma entre as 505 ilhas desabitadas da cidade de Nagasaki, Japão.
A ilha foi povoada entre 1887-1974, ela funcionava como uma instalação de mineração de carvão.
A Mitsubishi comprou a ilha em 1890 e iniciou o projeto, cujo objectivo era extrair o carvão do fundo do mar.
Foram construídos grandes edifícios na ilha e vários blocos de apartamentos em 1916 para acomodar os trabalhadores, muitos dos quais, foram recrutados de outras partes da Ásia.
E para proteger a cidade contra a destruição de tufões, foi construído, um muro de cimento em volta de toda a ilha.
Como o petróleo substituiu o carvão no Japão na década de 1960, as minas de carvão começaram a fechar por todo o país.
A Mitsubishi anunciou oficialmente o fechamento da mina, em 1974, e hoje ela está vazia e nua, razão pela qual ela é chamada de a 'Ilha dos espíritos'.
Humberstone
Humberstone no Chile foi uma cidade que cresceu rapidamente entre os anos 20 e o início dos anos 40 do século XX, aproveitando a riqueza e a prosperidade advinda da mineração e do processamento de nitrato de potássio, também conhecido como salitre.
Quando o salitre sintético foi inventado a cidade entrou em declínio e sua população começou a diminuir até que em 1961 ela ficou completamente vazia.
Desde então, as areias do deserto foram entrando pelos edifícios que sobraram, que ainda possuem mobília e utensílios.
A cidade foi considerada Património Mundial e será preservada como um monumento histórico.
A pequena cidade de Oradour-sur-Glane na França é o palco de um indizível horror.
Durante a II Guerra Mundial, 624 moradores foram massacrados pelos soldados alemães como punição pela resistência francesa.
Os homens foram levados para silos e feridos com tiros nas pernas, pois assim eles morreriam mais devagar.
As mulheres e as crianças, que buscaram abrigo numa igreja, foram todas mortas quando tentaram escapar de lá.
Após essas atrocidades os alemães arrasaram a aldeia e as ruínas permanecem como um memorial a essas mortes.
Agdam
A sinistra cidade de Agdam, no Azerbaijão, já foi uma próspera cidade de 150.000 habitantes.
Isso perdeu-se em 1993 durante a guerra Nagorno Karabakh, e ainda que a cidade não tenha participado nos combates, ela foi vítima do vandalismo enquanto esteve ocupada por arménios.
Os edifícios estão destruídos e vazios, e somente a mesquita coberta de grafite permanece intacta.
Os moradores de Agdam foram removidos para outras áreas de Azerbaijam e também para o Irão.
Balestrino
Balestrino, na Itália, é uma cidade medieval localizada numa estonteante colina a 70 km de Genova.
Tendo sido propriedade da abadia beneditina de San Pietro dei Monti, Balestrino começou a perder sua população no final do século XIX quando os terremotos abriram fendas na região e estragaram muitas propriedades.
Em 1953 a cidade foi abandonada devido a sua “instabilidade geológica”.
A parte da cidade que permaneceu intocada desde essa época está sendo actualmente objecto de um plano de revitalização.
Prypiat
Junto à cidade de Prypiat, na Ucrânia, fica a central nuclear de Chernobyl, lugar onde ocorreu o maior acidente nuclear da história, em Abril de 1986.
A cidade em si e os arredores não são seguros como lugar de habitação para os próximos séculos.
Centralia
Com carvão mineral em abundância, a actividade na mina era a principal fonte de renda da cidade.
Até que em algum dia de 1962 um acidente em uma mina de carvão causou um enorme incêndio.
O fogo espalhou-se pela mina, que se estendia por quase todo o subsolo da cidade, libertando gases tóxicos por toda a cidade.
Em 1992 o estado da Pensilvânia clamou Domínio Eminente em todas as residências, condenando todas as casas e prédios da cidade.
Após os habitantes, o governo também abandonou o projeto de controle do incêndio da cidade, tendo em vista o seu altíssimo custo.
Devido à grande quantidade de carvão mineral, o fogo continua queimando o subsolo da cidade até os dias de hoje, mais de 40 anos após o início.
Kolmanskop
No ano de 1908, atraídos pela caçada ao diamante, os alemães fundaram uma mina na deserta região da Namíbia e fundaram a pequena cidade de Kolmanskop.
A prosperidade da mina fez com que a cidade fosse crescendo em tamanho.
Porém depois da Grande Guerra os diamantes começaram a ficar escassos e os alemães fizeram suas malas.
31 outubro 2011
A Lua que não dei...
E, no entanto, abomino os que, a cada fim de semana, dão tudo o que os filhos lhes pedem nos shoppings onde exercitam arremedos de paternidade.
E não há paradoxo nisso.
Dar o mundo é sentir-se um pouco como Deus, que é essa a condição de um pai.
Dar futilidades como barganha de amor é, penso eu, renunciar ao sagrado.
Volto a narrar, por me parecer apropriado à croniqueta, o que me aconteceu ao ser pai pela primeira vez.
Lá se vão, pois, 45 anos.
Deslumbrado de paixão, eu olhava a menina no berço, via-a sugando os seios da mãe, esperneando na banheira, dormindo como anjo de carne.
E, então, eu me prometia, prometendo-lhe: “Dar-lhe-ei o mundo, meu amor.”
E não lhe dei.
E foi o que me salvou do egoísmo, da tola pretensão e da estupidez de confundir valores materiais com morais e espirituais.
Não dei o mundo à minha filha, mas ela quis a Lua.
E não me esqueço de como ela pediu a Lua, há anos já tão distantes.
Eu a carregava nos braços, pequenina e apenas balbuciante, andando na calçada de nosso quarteirão, em tempos mais amenos, quando as pessoas conversavam às portas das casas.
Com ela junto ao peito, sentia-me o mais feliz homem do mundo, andando, cantarolando cantigas de ninar em plena calçada.
Pois é a plenitude da felicidade um homem jovem poder carregar um filho como se acariciando as próprias entranhas.
Minha filha era eu, e eu era ela.
Um pai é, sim, um pequeno Deus, o criador.
E seu filho, a criatura bem amada.
E foi, então, que conheci a impotência e os limites humanos.
Pois a filhinha a quem eu prometera o mundo ergueu os bracinhos para o alto e começou a quase gritar, assanhada, deslumbrada: “Dá, dá, dá...”
Ela descobrira a Lua e a queria para si, como ursinho de pelúcia, uma luminosa bola de brincar.
Diante da magia do céu enfeitado de estrelas e de luar, minha filha me pediu a Lua e eu não lhe pude dar.
A certeza de meus limites permitiu, porém, criar um pacto entre pai e filhos: se eles quisessem o impossível, fossem em busca dele.
Eu lhes dera a vida, asas de voar, diretrizes, crença no amor e, portanto, estímulo aos grandes sonhos.
E o sonho da primogênita começou a acontecer, num simbolismo que, ainda hoje, me amolece o coração.
Pois, ainda adolescente, lá se foi ela embora, querendo estudar no exterior.
Vi-a embarcar, a alma sangrando-me de saudade, a voz profética de Kalil Gibran em sussurros de consolo:
“Vossos filhos não são vossos filhos, mas são os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Eles vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.”
Foi o que vivi, quando o avião descolou, minha criança a bordo.
No céu, havia uma Lua enorme, imensa.
A certeza da separação foi dilacerante.
Minha filha fôra buscar a Lua que eu não lhe dera.
E eu precisava conviver com a coerência do que transmitira aos filhos: “O lar não é o lugar de se ficar, mas para onde voltar.”
Que os filhos sejam preparados para irem-se, com a certeza de ter para onde voltar quando o cansaço, a derrota ou o desânimo inevitáveis lhes machucarem a alma.
Ao ver o avião, como num filme de Spielberg, sombrear a Lua, levando-me a filha querida, o salgado das lágrimas se transformou em doçura de conforto com Kalil Gibran: como pai, não dando o mundo nem Lua aos filhos, me senti arqueiro e arco, arremessando a flecha viva em direcção ao mistério.
Ora, mesmo sendo avós, temos, sim e ainda, filhos a criar, pois família é uma tribo em construção permanente.
Pais envelhecem, filhos crescem, dão-nos netos e isso é a construção, o centro do mundo onde a obra da criação se renovam nunca completar-se-á.
De guerreiros que foram, pais se tornam pajés.
E mães, curandeiras de alma e de corpo.
É quando a tribo se fortalece com conselheiros, sábios que conhecem os mistérios da grande arquitetura familiar, com régua, esquadro, compasso e fio de prumo.
E com palmatória moral para ensinar o óbvio: se o dever premia, o erro cobra.
Escrevo, pois, de angústias, acho que angústias de pajé, de índio velho.
A nossa construção está ruindo, pois feita em areia movediça.
É minúsculo o mundo que pais querem dar aos filhos: o dos shoppings.
E não há mais crianças e adolescentes desejando a Lua como brinquedo ou como conquista.
Sem sonhos, os tetos são baixos e o infinito pode ser comprado em lojas.
Sem sonhos, não há necessidade de arqueiros arremessando flechas vivas.
Na construção familiar, temos erguido paredes.
Mas, dentro delas, haverá gente de verdade?”
Cecílio Elias Netto (escritor e jornalista)
Publicada em 01.08.2008. no 'Correio Popular' – Campinas, São Paulo
17 outubro 2011
Estações...
Estações de comboio perdidas… carris que vão dar ao infinito… plataformas de comboio mágicas…
Há tempos atravessei uma linha do comboio, daquelas perdidas no meio do nada… e apeteceu-me ficar parada a meio… a olhar para o túnel imaginário em que o comboio se sume no horizonte infinito…
Plataformas de comboio são sempre aquele mistério lindíssimo, repleto de simbolismo, e de mil e um inexplicáveis sentimentos…
Existem milhares de linhas de comboio, plataformas e carris... mas as linhas de comboio, as estações de comboio antigas, e os carris por onde o tempo passou são maravilhosos…
Tem um significado muito especial, uma dimensão simbólica de viajar e de distância muito fortes, que dificilmente se consegue explicar.
Permitem-nos sonhar e evadir para muito longe, para o infinito…
E a ideia de ficar a observar o comboio partir da plataforma... e desaparecer ao fundo, tornando-se num pontinho cada vez mais pequeno até que se extingue na paisagem... é aí que se reflecte realmente a ideia de partir de ir, para bem longe...
As estações de comboios têm em si aquele significado simbólico do amor... e essas sensações devem-se ao nosso imaginário remeter para épocas passadas e para todo o desenvolvimento das ligações ferroviárias que permitiram percursos mais distantes... mas também porque o comboio, desde sempre foi um dos primeiros, mais conhecidos e utilizados modos para emigrar.
Aquelas imagens inesquecíveis das pessoas dentro do comboio a acenarem “adeus” pelas janelinhas, às famílias e mulheres que iam ficando progressivamente mais longe e para trás na plataforma, à medida que o comboio ia avançando... Todas essas imagens têm uma carga simbólica muito forte, que nos transporta para o nosso imaginário longínquo…
E significam tudo aquilo da distância e da separação entre as pessoas... E ao contrário, também a chegada, a reunião, o encontro após tempos infinitos à espera do regresso de alguém que nos é querido...
Os comboios, as plataformas, os carris infinitos… têm uma forte carga simbólica e uma dimensão inexplicável das relações entre as pessoas...
Simbolizam a multidão, um lugar onde toda a gente passa, um lugar de todos e um lugar de ninguém... Mas também o lugar onde no meio de uma multidão imensa, sabemos que há aquela pessoa que para nós é importante. E no meio de tantas, só aquela importa, só aquela conta. Só aquela nos diz algo… como se todas as outras que ali estão nem sequer tivessem rosto...
Talvez este tipo de sentimento em relação aos comboios, às antigas locomotivas, e às estações de comboios seja estranho, misterioso e intrigante… mas felizmente ainda existem, perdidas por esse mundo fora, estações paradas no tempo…
Aquelas plataformas inconfundíveis, os pilares rebuscados, o relógio verde que o tempo não tirou as horas...
Tudo é igual a tanto tempo atrás... tudo é igual a como sempre foi…
Parece que o traçado das linhas de comboio foi feito para criar em nós uma nostalgia muito especial, uma memória translúcida de coisas antigas…
Viver a história dos comboios é viver os pedaços de tempo e de matérias de um saber raro: o das deslocações ocasionais, o das deslocações sem fronteira, sem imagens desaparecidas…
E faz-se de tudo no comboio: lê-se, dorme-se, fala-se com alguém.
Há sempre encontros com alguma coisa, com alguém, com a paisagem, com a tranquilidade.
E são sempre lugares de encontro, as estações ferroviárias são uma sala de visita de outras muitas aventuras que nos aguardam de cada vez que viajamos…
Se fecharmos os olhos conseguimos imaginar aqueles lugares apinhados de gente na plataforma e a subir para o comboio. Um frenesim de malas e despedidas, misturado com o apito de partida, o fumegar do carvão a sair da locomotiva, e a chegada dos acenos…
E agora abrimos os olhos… e vemos uma estação deserta, uma plataforma vazia, e carris nus ainda que vão dar a lado algum… E toda uma aura mágica, uma atmosfera de memórias perdidas de um simbolismo transcendente de um passado longínquo que agora jaz naquele lugar perdido no tempo…
E talvez seja por isso que esses lugares nos fazem evocar memórias passadas de tempos longínquos que nem sequer presenciámos. Mas que por alguma razão, parece que os sentimos na pele, como pertencentes ao nosso passado.
E se calhar pertencem…
“Na estação, sob a sua abóbada, comboios e pessoas estranhas reuniam-se como peregrinos.
Sempre pensara que as velhas estações de comboio e caminho-de-ferro eram um dos poucos lugares mágicos que restavam no mundo. Nelas se misturavam os fantasmas de recordações e despedidas como início de centenas de viagens para destinos distantes, sem regresso.
Se eu um dia me perder, procurem-se numa estação de comboios…”