Em determinadas alturas na vida passamos por fases nas quais idealizámos fazer coisas X, ter X condições, ir a X sítios, com um tipo X de pessoas e ter um estilo de vida X… porque é X que associamos àquela fase da vida. É com X que nos identificamos realmente para viver aquele momento!
No entanto, quando chegamos a essa fase da vida para a qual idealizámos X, deparamo-nos com Y!
Fazemos coisas Y, as condições são Y, as pessoas são Y e acabamos por ter um estilo de vida Y. Não quer dizer que seja propriamente mau…! Mas não era aquilo que idealizámos para essa fase da vida.
Tínhamos mesmo pensado em X!
Y não era exactamente aquilo com que nos identificámos para aquele momento…
E mesmo que não nos demos propriamente mal com as coisas Y, na verdade ficamos sempre a pensar em X… fazemos comparações, avaliamos as vantagens e desvantagens de cada um, pesamos as coisas… continuando na mesma, no entanto, em Y…
O que de certa forma, e dado que não é propriamente mau nem bom, é diferente, a pessoa acaba por se habituar… ao estilo de vida Y, às pessoas Y, aos hábitos Y, aos sítios Y e acaba por até ver algumas vantagens e gostar… acabando às vezes por esquecer X…
...
Mas enquanto estamos nessa fase da vida a viver Y, às vezes deparamo-nos com X… situações X, estamos com pessoas X,
E apesar de ser X aquilo com que nos identificávamos ao princípio, e de pensarmos mesmo muitas vezes em X enquanto estamos em Y… depois de termos estado tanto tempo em Y, agora o X parece-nos já estranho…!
Lá no fundo, diríamos na mesma que era com X que nos identificamos, mas depois de termos estado tanto tempo
Já quase nem acreditamos que desejámos X!
Mas ao mesmo tempo ainda sentimos que temos alguma ligação e afinidade com X, porque quando se têm um contacto com algo que muito desejámos, esse contacto é forte! E marca!
E faz-nos por momentos imaginar que estamos mesmo a viver X! E isso acaba por ser um choque! Passar de repente de Y para X! Como se Y fosse um minuto e se tivesse um momento de X por segundos! Uma coisa que até nos abana e nos faz sentir balançar…
E no fundo pensamos… afinal somos X ou Y ?
X era aquilo com que nos identificávamos, embora toda a sua essência tenha sido brutalmente esventrada… e Y porque nos fomos subtilmente acomodando, pelo normal devir da vida…
E neste balanço sentimos, que não somos nem uma nem outra coisa… sentimo-nos esquisitos… sentimo-nos estranhos…
É destes balanços entre X e Y de que a vida é feita...