Que somos nós senão fantoches? Há algum passo que demos que não seja controlado e registado até ao mais ínfimo pormenor? O que é que fazemos que não é submetido de imediato ao maior e mais rigoroso controlo por instâncias e objectos que nos ultrapassam largamente o alcance?
Aquisições controladas, passos controlados, movimentos controlados, sentimentos controlados?
Não
somos mais do que fantoches mortos, comandados lá bem de cima do topo
da hierarquia tecnológica ditatorial, naquilo que fazemos, naquilo que
consumimos, nos sítios onde vamos, no que somos.
Comandados, controlados, vigiados, direccionados, guiados em tudo, até no que sentimos.
Como
marionetas desengonçadas que só se mexem porque nos orientam os
movimentos, que só se viram para onde querem que nos viremos, que só
fazem aquilo que querem que façamos.
E nem um piu. Sem poder hesitar na corda bamba. Sem poder opinar o que seja. Ou sais de cena.
E
quando o espectáculo acaba, os fios que nos prendem e guiam,
soltam-se. E caímos desamparados no chão, sem qualquer força para nos
erguermos.
Qual é o fantoche que prossegue movimentos sozinho por si próprio, mesmo depois de terminado o espectáculo?