01 janeiro 2010

Tempo...


"Ah e tal, o ano está a acabar, então e qual é o balanço de 2009...?"

Várias vezes se fez esta pergunta nos últimos dias e, sinceramente, nunca soube bem o que responder...
Não é por mal, mas é que se dissesse rapidamente "Foi bom porque..." ou "Foi mau porque..." acho que isso seria muito redutor...
No sentido em que em poucos segundos me conseguiria lembrar das coisas que o teriam feito bom ou mau.
E seriam muito poucas! Visto que em poucos segundos não se consegue fazer o balanço de um ano... de 365 dias, 52 semanas... pelo menos com alguma profundidade! Porque dizer só que o balanço é "Bom" ou "Mau", "Positivo" ou "Negativo"... pfff!
Isso não é nenhum balanço! Pelo menos não no meu ver.
Portanto, acho bastante positivo o facto de não conseguir fazer um balanço do ano em poucos segundos, porque isso por si só já significa que aconteceram muitas coisas... e como tal é impossível fazer um balanço delas todas em breves momentos.
Boas ou más, o mais importante é que as houve! Que existiram tantas que nem consigo fazer o balanço delas! E ainda bem que não consigo, isso é sinónimo de que não foi um ano parado, meio morto e estanque.
Se tal tivesse acontecido, isso sim seria mau sinal! Nesse caso eu já conseguiria fazer o balanço do ano, porque tão poucas eram as coisas que tinham acontecido, que era fácil resumi-las e sintetizá-las rapidamente!
Portanto, o facto de ter acontecido precisamente o contrário, já é por si só um aspecto bastante positivo!

Até porque isto do Ano Novo é uma treta...! É mais um dia em que o sol se põe, e quando nasce no outro dia já é um novo ano... e convencionou-se que às zero horas se marcava o início do ano.
Foi apenas uma questão de mentalização psicológica, tal como acontece com as religiões de um modo muito profundo...
Porque na verdade, é apenas mais uma noite/dia como outro qualquer...
Porque o tempo é contínuo, e o mais importante é que o sintamos como isso e não como partes estanques marcadas por aniversários, feriados, o ano novo ou outras festividades.
Porque na verdade não são estas coisas que trazem as verdadeiras mudanças à vida... as mudanças mais profundas não se fazem assim nessas débeis fracturas temporais, elas são parte de um contínuo, e só acontecem lentamente...
É um processo inevitável, progressivo e gradual... Não é de hoje para amanhã que a vida de alguém vai assim mudar drasticamente só porque hoje é 31 de Dezembro 2009 e amanhã é 1 de Janeiro 2010!
Até porque as datas são só conjuntos de números escolhidos aleatoriamente por essa mentalização psicológica milenar...

E até porque para os cristãos passámos para 2010, para os budistas passámos para 2553, para os chineses o ano novo é só a partir de 6 e 7 de Fevereiro, sendo que desta vez é o ano do Tigre, e assim sucessivamente...
E para outros nem sequer existe essa escala temporal...! E o interessante é isso mesmo!
Seria sublime conseguirmos aproveitar esta sucessão aparentemente infinita de dias e e noites, noites e dias, sem estarmos comandados por estes calendários ditadores que nos partem o tempo aos bocadinhos!
O ano em 12 meses, e depois cada mês em 4 semanas, cada semana em 7 dias... e depois aquelas engenhocas manhosas, cada vez mais sofisticadas a que chamamos de relógio, e que têm o tal significado simbólico transcendente e in(tempo)ral, ainda nos dividem o dia e a noite em 24 horas! E cada uma destas em 60 partes, e depois cada uma destas noutras 60 partes ainda mais pequenas... Onde é que vamos com tanta divisão e subdivisão de algo indivisível? É assim que regemos as nossas vidas?

Talvez os nossos relógios devessem ser mais naturais e em comunhão com as energias cósmicas e da natureza... e menos ao cronómetro de ponteirinhos irritantes e imagens digitais!
Devíamos reger a nossa vida e o nosso tempo pelo embalar das ondas do Mar... deixar levar cada momento pelas brisas do Vento... sonhar com o sabor da Lua... viajar num universo infinito com o Ar que respiramos... e viver ao ritmo do Sol...
Isso sim é viver...




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