21 janeiro 2010

Água...


Este líquido é água...


Quando pura, é inodora,
insípida e incolor
Reduzida a vapor
sob tensão alta e temperatura

Move os êmbolos das máquinas que, por isso,
se denominam máquinas de vapor

É um bom dissolvente.

Embora com excepções, mas de um modo geral,
dissolve tudo bem, ácidos, bases e sais.

Congela a zero graus centesimais
e ferve a cem, quando há pressão normal.


Foi neste líquido que numa noite cálida de Verão,
sob um luar gomoso e branco de camélia,
apareceu a boiar o cadáver de Ofélia,
com um nenúfar na mão...


"Lição sobre a Água", António Gedeão


13 janeiro 2010

Vida Simples


Vida simples, mas calma.


Sem grandes ambições nem stresses, mas pacífica.

Sem uma conta milionária, mas descansada.

Sem um carro topo de gama, mas tranquila.
Sem ir para o SPA de luxo, mas relaxada.
Sem um trabalho com um ordenado de fortunas, mas com tempo para a família e os amigos.

Sem roupas de marcas caríssimas e de renome, mas em paz.

Sem uma carreira de estrela, mas em sossego.


Simples, mas calma.

É só isso.

01 janeiro 2010

Tempo...


"Ah e tal, o ano está a acabar, então e qual é o balanço de 2009...?"

Várias vezes se fez esta pergunta nos últimos dias e, sinceramente, nunca soube bem o que responder...
Não é por mal, mas é que se dissesse rapidamente "Foi bom porque..." ou "Foi mau porque..." acho que isso seria muito redutor...
No sentido em que em poucos segundos me conseguiria lembrar das coisas que o teriam feito bom ou mau.
E seriam muito poucas! Visto que em poucos segundos não se consegue fazer o balanço de um ano... de 365 dias, 52 semanas... pelo menos com alguma profundidade! Porque dizer só que o balanço é "Bom" ou "Mau", "Positivo" ou "Negativo"... pfff!
Isso não é nenhum balanço! Pelo menos não no meu ver.
Portanto, acho bastante positivo o facto de não conseguir fazer um balanço do ano em poucos segundos, porque isso por si só já significa que aconteceram muitas coisas... e como tal é impossível fazer um balanço delas todas em breves momentos.
Boas ou más, o mais importante é que as houve! Que existiram tantas que nem consigo fazer o balanço delas! E ainda bem que não consigo, isso é sinónimo de que não foi um ano parado, meio morto e estanque.
Se tal tivesse acontecido, isso sim seria mau sinal! Nesse caso eu já conseguiria fazer o balanço do ano, porque tão poucas eram as coisas que tinham acontecido, que era fácil resumi-las e sintetizá-las rapidamente!
Portanto, o facto de ter acontecido precisamente o contrário, já é por si só um aspecto bastante positivo!

Até porque isto do Ano Novo é uma treta...! É mais um dia em que o sol se põe, e quando nasce no outro dia já é um novo ano... e convencionou-se que às zero horas se marcava o início do ano.
Foi apenas uma questão de mentalização psicológica, tal como acontece com as religiões de um modo muito profundo...
Porque na verdade, é apenas mais uma noite/dia como outro qualquer...
Porque o tempo é contínuo, e o mais importante é que o sintamos como isso e não como partes estanques marcadas por aniversários, feriados, o ano novo ou outras festividades.
Porque na verdade não são estas coisas que trazem as verdadeiras mudanças à vida... as mudanças mais profundas não se fazem assim nessas débeis fracturas temporais, elas são parte de um contínuo, e só acontecem lentamente...
É um processo inevitável, progressivo e gradual... Não é de hoje para amanhã que a vida de alguém vai assim mudar drasticamente só porque hoje é 31 de Dezembro 2009 e amanhã é 1 de Janeiro 2010!
Até porque as datas são só conjuntos de números escolhidos aleatoriamente por essa mentalização psicológica milenar...

E até porque para os cristãos passámos para 2010, para os budistas passámos para 2553, para os chineses o ano novo é só a partir de 6 e 7 de Fevereiro, sendo que desta vez é o ano do Tigre, e assim sucessivamente...
E para outros nem sequer existe essa escala temporal...! E o interessante é isso mesmo!
Seria sublime conseguirmos aproveitar esta sucessão aparentemente infinita de dias e e noites, noites e dias, sem estarmos comandados por estes calendários ditadores que nos partem o tempo aos bocadinhos!
O ano em 12 meses, e depois cada mês em 4 semanas, cada semana em 7 dias... e depois aquelas engenhocas manhosas, cada vez mais sofisticadas a que chamamos de relógio, e que têm o tal significado simbólico transcendente e in(tempo)ral, ainda nos dividem o dia e a noite em 24 horas! E cada uma destas em 60 partes, e depois cada uma destas noutras 60 partes ainda mais pequenas... Onde é que vamos com tanta divisão e subdivisão de algo indivisível? É assim que regemos as nossas vidas?

Talvez os nossos relógios devessem ser mais naturais e em comunhão com as energias cósmicas e da natureza... e menos ao cronómetro de ponteirinhos irritantes e imagens digitais!
Devíamos reger a nossa vida e o nosso tempo pelo embalar das ondas do Mar... deixar levar cada momento pelas brisas do Vento... sonhar com o sabor da Lua... viajar num universo infinito com o Ar que respiramos... e viver ao ritmo do Sol...
Isso sim é viver...