23 setembro 2009

Palavras perdidas...


Escrever! Escrever! Escrever!
Muito se tem que escrever! Muitas coisas nos pedem para escrever! Muitas coisas as pessoas são obrigadas a escrever sob força do seu trabalho.
Textos, artigos, trabalhos, leis, redacções, notícias, livros, revistas, jornais, crónicas!
Muito texto se produz! Tantas letras e palavras que diariamente são lançadas ao mundo.
Sob todas as formas e formatos... dezenas, centenas, milhares, milhões de textos são a todo o tempo produzidos!

Será que há sempre alguém que lê o que outra pessoa escreveu?

Não haverão imensos textos, livros, artigos, revistas que são simplesmente em vão?
E no entanto o seu autor pode ter despendido horas de vida a produzir esse mesmo pedaço de texto... e às vezes nem sequer pensamos nisso! Se quando damos uma olhada e o mesmo não nos agrada, simplesmente pomos de lado sem dó nem piedade. Nem damos valor ao tempo que alguém se dedicou a organizar e a construir todo aquele conjunto de letras.
E esses casos devem ser tantos...

Quantos livros que demoram anos a escrever, nunca chegam a ser lidos e apenas fazem número nas livrarias...
Quantos artigos de revista levam horas a ser escritos e depois poucas revistas se vendem e ninguém lê esses pedaços de textos...
Quantos jornais estão repletos de notícias que ninguém lê... e no dia seguinte já ninguém os compra... já ninguém lhes liga... ninguém chega a ler aquelas palavras... aquelas palavras perdidas...



16 setembro 2009

Tese de Doutoramento do Coelho


Um pequeno "conto" muito incentivador para os que brevemente irão começar a fazer uma tese...


Era um dia lindo e ensolarado o coelho saiu de sua toca com o notebook e pôs-se a trabalhar, bem concentrado.
Pouco depois passou por ali a raposa, e, viu aquele suculento coelhinho tão distraído,que chegou a salivar.
No entanto, ficou intrigada com a actividade do coelho e aproximou-se,curiosa:
- Coelhinho, o que está a fazer aí, tão concentrado?
- Estou a redigir a minha tese de doutoramento - disse o coelho, sem tirar os olhos do trabalho.
- Hummmm... e qual é o tema da sua tese?
- Ah, é uma teoria para provar que os coelhos são os verdadeiros predadores naturais das raposas.
A raposa ficou indignada:
- Ora!!! Isso é ridículo!!! Nós é que somos os predadores dos coelhos!
- Absolutamente! Venha comigo à minha toca que eu mostro a minha prova experimental.
O coelho e a raposa entram na toca.
Poucos instantes depois ouvem-se alguns ruídos indecifráveis, alguns poucos grunhidos e depois silêncio.

Em seguida, o coelho volta, sozinho, e mais uma vez retoma os trabalhos de sua tese, como se nada tivesse acontecido.
Meia hora depois passa um lobo. Ao ver o apetitoso coelhinho, tão distraído,agradece mentalmente à cadeia alimentar por estar com o seu jantar garantido.
No entanto, o lobo também acha muito curioso um coelho a trabalhar naquela concentração toda.
O lobo resolve então saber do que se trata , antes de devorar o coelhinho:
- Olá, jovem coelhinho! O que o faz trabalhar tão arduamente?
- Minha tese de doutoramento, seu lobo. É uma teoria que venho desenvolvendo há algum tempo e que prova que nós, coelhos, somos os grandes predadores naturais de vários animais carnívoros, inclusive dos lobos.
O lobo não se conteve e farfalha de risos com a petulância do coelho.
- Ah, ah, ah, ah!!! Coelhinho! Apetitoso coelhinho! Isso é um despropósito;nós os lobos, é que somos os genuínos predadores naturais dos coelhos. Aliás, chega de conversa...
- Desculpe-me, mas se você quiser eu posso apresentar a minha prova experimental. Você gostaria de acompanhar-me à minha toca?
O lobo não consegue acreditar na sua boa sorte.
Ambos desaparecem toca adentro.
Alguns instantes depois ouve-se uivos desesperados, ruídos de mastigação e... silêncio.

Mais uma vez o coelho retorna sozinho, impassível, e volta ao trabalho de redacção da sua tese, como se nada tivesse acontecido.
Dentro da toca do coelho vê-se uma enorme pilha de ossos ensanguentados e pelancas de diversas ex-raposas e, ao lado desta, outra pilha ainda maior de ossos e restos mortais daquilo que um dia foram lobos.
Ao centro das duas pilhas de ossos, um enorme leão,satisfeito, bem alimentado, a palitar os dentes.

Moral da história:
1. Não importa quão absurdo é o tema da tua tese;
2. Não importa se não tens o mínimo fundamento científico;
3. Não importa se as tuas experiências nunca chegam a provar a tua teoria;
4. Não importa nem mesmo se as tuas ideias vão contra o mais óbvio dos conceitos lógicos.
5. O que importa é: QUEM É O TEU "PADRINHO"...