Haverá algo mais lindo que um miradouro?
Só a própria palavra já nos inspira para tudo aquilo que um miradouro nos proporciona...
Se dissecarmos bem um miradouro, rapidamente nos apercebemos que ele nos dá uma "mira" de "ouro".
Os miradouros são todos diferentes e cada um deles partilha um bocadinho da sua história e tempo de vida connosco, enquanto lá permanecemos.
Normalmente localizados em locais de topografia acidentada, os miradouros proporcionam invariavelmente maravilhosas paisagens, debruçando-se sobre as cidades, rios, mares, vales e outros lugares a perder de vista...
Por todas essas características, os miradouros constituem-se eles mesmos como lugares idílicos, onde nos conseguimos evadir e transcender a outros mundos. São lugares especiais que nos proporcionam momentos de reflexão, uma pausa no stress da vida diária, um canto para estarmos connosco mesmos e um olhar sobre um horizonte infinito sem limite temporal.
Há miradouros mais especiais que outros... aqueles pelos quais nutrimos um carinho e afeição... esses são os "nossos miradouros"... Lugares que guardam as nossas memórias e intensos momentos que lá passamos.
Normalmente associamos uma elevada dose de ternura a esses lugares, como forma de gratidão por tudo aquilo que nos propiciam. Desde o espaço em si, à maravilhosa paisagem que conferem, as pessoas que o frequentam, o seu ambiente inconfundível, as gentes, e todo aquele misticismo oculto, espiritualidade e reflexões que um miradouro nos permite sentir.
Os miradouros perdidos são lugares que associamos a doces memórias de um passado longínquo... permitem-nos sonhar e evadirmo-nos dali... Enquanto lá estamos podemos falar com aquele alguém que está ali invisível ao nosso lado e que nos acompanha sempre que queremos.
Os miradouros são templos de contemplação do nosso passado, das nossas memórias, mas também do nosso eu interior, da nossa aura que nos cerca e que levita em torno de pensamentos furtivos, fugazes e eternos.
Lugares de transcendência e evasão por excelência, os miradouros permitem-nos aceder à componente mais imaterial do nosso ser... Basta nos sentarmos, fecharmos os olhos, e sentimos o que queremos... até perdermos a noção do tempo...
Falamos com quem desejamos, sentimos o vento no rosto e mãos leves e tentaculares em redor da nossa alma e corpo...
Erguemo-nos dali em pensamento para lugares até onde só o nosso inconsciente nos consegue levar...
Nunca sabemos ao certo quanto tempo permanecemos num miradouro. Lá o tempo não existe.
Mal se atinge a paisagem no horizonte, todo o ambiente nos imobiliza como que nos hipnotizando para sempre.
Olha-se a paisagem... sente-se o odor levemente a pairar no ar... Tudo conflui em nós, nos nossos sentidos... Em instantes erguemo-nos para bem longe dali... Evadimo-nos para lugares bem distantes... levitamos até ninguém sabe onde...
Tudo em nós é leve. Tudo flui em todas as direcções. Tudo e nada confluem num oculto que nos perpassa a pele e se crava nos sentidos.
Tudo e nada existe.
Basta sentarmo-nos, fecharmos os olhos, sentir o que nos rodeia e o que não está ali... sentir penetrar em nós toda aquela dimensão cósmica do universo infinito onde nos inserimos levemente a levitar...
É só fecharmos os olhos e deixarmo-nos ir... é o suficiente para atingirmos o Nirvana...
2 comentários:
desculpe dizer, mas não sei o que é um miradouro.
abraços libertários
Então dizes que o miradouro tem uma vista para o macrocosmo? Hmmm. A tua escrita está mais intrincada e simbólica. E atingir o Nirvana no miradouro... * vai até aos armários e deita fora as velas de incenso Nirvana compradas por 1,5 euros*. Acho que ainda tenho que chegar até aí. :P Como é?
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