13 julho 2009

Inutilidade e vazio...


Hoje é dia de escrever no blog. Porquê? Talvez por ser dia 13.
E talvez por os dias 13 me deixarem sempre inquieta.

Ou talvez porque seja Julho.
E o mês de Julho é sempre associado a todas aquelas ideias de férias, descanso, praia, mar, sol, repouso, passeios, relaxar, descontrair, ir aqui e ali... às vezes até pode nem ser nada de especial, mas só a ideia de
ir dar uma volta e sair da monótona rotina habitual, já reflecte um pouco o espírito e todo o simbolismo que temos associado ao mês de Julho.
Mas, tal como este ano foi diferente em muitas coisas, também o Julho está a ser.


Apesar do simbolismo do mês continuar a existir, na verdade ele não se t
raduz em efectivos palpáveis que o justificam.
Ficamos apelas pelo simbolismo.
E contentamo-nos com a imaginação do prazer dos momentos que ele simboliza.

E é pena que o que está a ser este Julho, que no fundo é apenas a continuação de todo o ano que já ficou para trás, seja tão contrastante com a ideia que todos temos dele.
E pensar que o ano já foi inútil! Que foi um ano perdido! Que foi um ano em vão em praticamente todos os sentidos... ainda angustia mais que isso ainda persista por Julho fora e continue a esventrar os meses veraneantes para fazer ligação com mais um ano que vem aí, igual ou pior.


Porque às vezes, cada vez mais sentimos inutilidade no que fazemos... (e, assim, consequentemente no que somos?)

I
nutilidade perante isto tudo. Um vazio perante os dias.
Quando não há sentido, nem vontade, nem ânimo, nem alento, nem entusiasmo, nem lógica, nem utilidade no que se faz, é isso que sentimos.

Um vazio. Um profundo vazio.


E o mais difícil é tentar inverter a situação quando não há escape nem saída dela.
Ela é assim, e agora vamos ter de continuá-la até ao fim.
Até acabar.
Porque aquele é o caminho.
Mesmo que
já estejamos fartos e não queiramos mais isto?
Sim.
Porquê?
Porque agora tem de ser. Já não dá para voltar atrás.


Talvez no final disto tudo, alguma coisa mude. Pelo menos aí já há mais possibilidades. Ou não. Não sei. Logo se verá.

Até lá, isto tem de continuar assim. Sem ânimo, sem vontade, sem alento, sem lógica, sem sentido. Sem utilidade. Vazio.

E o que mais custa, é vermos que lá fora há uma vida imensa à nossa espera para ser vivida. E que ai
nda por cima ela tem tanto para dar, e nós temos tanto para receber e aproveitar dela.
Mas aqui continuamos. Amarrados. Atados.
Sem hipótese de romper estas correntes de chumbo invisíveis que nos fazem gritar num silêncio hediondo que não se resigna.


E ver que há pessoas que nunca se deixaram apanhar por essas correntes... e que vivem a vida levemente, sem grandes preocupações com o dia de amanhã.
Saboreiam desprendidamente o momento, sem se angustiarem com o que há de vir.
Vivem ao sabor do vento, sem pensar muito no dia seguinte. Apenas no dia de hoje.
Vão saboreando as ondas que vêm e vão, e o sol que se põe, alimentando-se de paisagens e sorrisos... e isso é o suficiente para viverem, porque depois logo se vê.

E fazem bem.
Porque o
momento presente delas, é a base para o depois, para o "logo se vê".
Constroem a vida aos poucos... vão construindo... sem pressas... E cada dia é o ponto de partida base para o próximo que aí vem.
Eu tudo segue o rumo normal calma e suavemente...

E enquanto elas vivem, nós cá estamos. Com dias cheios de coisas para fazer, trabalho a rebentar pelas costuras, o tempo cronometrado ao minuto, datas a não esquecer na agenda, super ocupados!!!
Mas vazios.
Dias cheios de coisas para fazer, mas nenhuma nos consegue preencher...
E por mais que tentemos, só nos sentimos ainda mais e mais vazios.
De tudo.
Profundamente vazios. Ocos. Sem sentido para nada.


Qual a capacidade de um dia vazio para servir de base e de ponto de partida para o dia seguinte?

(Memorial to the Empty Hearts)

3 comentários:

mima disse...

Se foi um dia, um mês vazio, porque deixar ser o restante do anoo?
Se está sentindo que os dias estão se passando em vão... deve-se sentar e assistir de um canto a vida... Não deveria vivê-la e acabar com tanta inutilidade?

Se os dias estão vazios, preenchá-os com algo que te deixe feliz... vá caminhar, ler, descubra um hobby, algo que te complete... faça amigos, namore... a vida é curta de mais para enche-la de solidão....

pense nisso...

espero sua visita no meu blog... bjus

Anónimo disse...

Sabes ( e eu creio que saibas ), algumas pessoas acham a felicidade no amanhã, na esperança, nos sonhos. Outras pessoas acham a felicidade nos pequenos momentos, nas pequenas coisas. Alguns de nós ( eu incluído ), acham que o melhor é apreciar as pequenas coisas enquanto construímos os nossos sonhos. Ou melhor, enquanto não os alcançamos. Talvez alcançá-los é uma tragédia. Nem sempre teremos tudo. Mas o vazio é vazio porque será preenchido. Ninguém manda mesmo na sua vida, assim como não podemos mudar um dia cinzento, ou escolher a paisagem que queremos ver, assim num ápice. Os dias vão mudar. No vazio, os ecos são sentidos. O vazio quer ser preenchido.

Adomnán disse...

E porquê insistir naquilo que sentimos ser inútil e vazio?