Era de noite, uma noite escura como bréu... e as estrelas viam-se na perfeição do céu a cintilar...
E nós ali estávamos todos, no alto daquela íngreme e isolada colina, no meio do nada... banhados pelo luar...
Não sabemos como ali fomos ter, nem de onde viemos... Apenas estávamos a passear para desmoer o jantar que já tinha sido fora de horas, e tomámos o caminho de uma isolada e estreita estrada de alcatrão já gasto pelo tempo.
A princípio quando começámos a caminhar ao longo dessa estrada, íamos em linha recta e sempre em frente por um descampado, mas à medida que avançávamos... esta foi progressivamente ficando cada vez mais inclinada e ligeiramente tortuosa... apesar de o suficientemente larga para dar perfeitamente para andar a pé...
Mas nem soubémos bem de onde é que veio a estrada... somente entrámos nela em algum bocado do seu troço...
Apenas à medida que caminhámos e ela foi subindo uma ligeira colina, foi-se progressivamente enchendo de frondosas árvores à sua vota, que a ladeavam a todo o seu redor, deixando no entanto penetrar o brilho das estrelas e a luz da lua, que era a única coisa que tínhamos para nos guiar...
E à medida que fomos subindo, enormes e majestosos ciprestes nos acompanhavam e se apresentavam austeramente a ladear a estrada que era o nosso único caminho...
E quando chegámos lá acima, depois de muito andar, a estrada começou a planar... e após uma acentuada curva, deparámo-nos com uma clareira onde as árvores mais frondosas tinham dado lugar apenas aos ciprestes que pontuavam o limite de um vasto e amplo espaço, que não era mais do que a continuação da estrada que até aí tínhamos vindo a subir...
E ali ficámos meio atónitos, especados, sem saber o que dizer...
E nesse amplo espaço, diante de nós, erguia-se imponente, e de feições austeras, um enorme e majestoso casarão apalaçado, com altos torreões, arquitectonicamente exuberante e uma dimensão cruel...
Estava mergulhado na penumbra e fora invadido por frondosas vegetações arbustivas que o abraçavam e violavam a toda a sua volta, penetrando nas suas ranhuras e fissuras mais recônditas como que o prendendo àquele lugar sem fim... sugando-o para as suas raízes profundas...
Estava submerso em teias de aranha e os ramos das árvores que o amarravam, conferiam-lhe um aspecto obscuro e medonho...
Encarcerado por um grande portão de ferro enferrujado pelo tempo, era inatingível pelo cadeado que o encerrava a qualquer vento que ali quisesse entrar... negando-se prontamente a sua entrada.
Certamente aquele lugar havia sido fechado há muito tempo e nunca ninguém lá voltara a entrar.
Foi provavelmente habitado há tempos infinitos, mas ou pelo seu isolamento, ou maldição que aparentava possuir, e devorar e sugar quem quer que se atrevesse ali a entrar naquele lugar... Certamente por ali ficou quem se atreveu a visitá-lo, sem deixar o menor rasto da sua existência terrena...
E nós ali ficámos um tempo indefinido a olhar para aquela presença austera, aterradora e ao mesmo tempo misteriosa, sem saber o que dizer... Apenas com a ténue iluminação lunar, em silêncio, entreolhados pelo espanto, terror e admiração...
Mergulhámos petrificados num silêncio profundo, onde apenas se ouvia o vento a ressoar em círculos cortantes nos ciprestes que nos rodeavam a nós e àquele estranho, distante e desconhecido lugar.
Ali nos detivémos sem proferir palavra, ainda estonteados pelo que acabávamos de presenciar.
Mas algo cortou o silêncio.
Ouvimos passos que se aproximavam, vindos de algum lado, que nos fizeram temer até às entranhas mais profundas.
Não estávamos sozinhos? Não tínhamos subido toda aquela estrada sozinhos? Teria mais alguém nos acompanhado ao longo de todo o caminho sem darmos conta?
Quando nos voltámos para trás para ver o que se passava, os ciprestes tinham-nos cercado a toda a volta, já não havia o caminho que nos ali tinha levado.
Algo rangeu.
Voltámo-nos e olhámos em frente para o austero casarão. E reparámos que o cadeado estava solto e o gigantesco portão de ferro entreaberto...
Sentimos arrepios por todo o corpo...
Ouvimos mais alguns passos. E quando nos voltámos para trás, algo negro como breu surgiu furtivamente por detrás dos ciprestes e se lançou medonhamente sobre nós.
Depois disso, tudo ficou escuro.
Eu conheço aquele lugar... Já lá estive uma vez, há muito tempo...
E nós ali estávamos todos, no alto daquela íngreme e isolada colina, no meio do nada... banhados pelo luar...
Não sabemos como ali fomos ter, nem de onde viemos... Apenas estávamos a passear para desmoer o jantar que já tinha sido fora de horas, e tomámos o caminho de uma isolada e estreita estrada de alcatrão já gasto pelo tempo.
A princípio quando começámos a caminhar ao longo dessa estrada, íamos em linha recta e sempre em frente por um descampado, mas à medida que avançávamos... esta foi progressivamente ficando cada vez mais inclinada e ligeiramente tortuosa... apesar de o suficientemente larga para dar perfeitamente para andar a pé...
Mas nem soubémos bem de onde é que veio a estrada... somente entrámos nela em algum bocado do seu troço...
Apenas à medida que caminhámos e ela foi subindo uma ligeira colina, foi-se progressivamente enchendo de frondosas árvores à sua vota, que a ladeavam a todo o seu redor, deixando no entanto penetrar o brilho das estrelas e a luz da lua, que era a única coisa que tínhamos para nos guiar...
E à medida que fomos subindo, enormes e majestosos ciprestes nos acompanhavam e se apresentavam austeramente a ladear a estrada que era o nosso único caminho...
E quando chegámos lá acima, depois de muito andar, a estrada começou a planar... e após uma acentuada curva, deparámo-nos com uma clareira onde as árvores mais frondosas tinham dado lugar apenas aos ciprestes que pontuavam o limite de um vasto e amplo espaço, que não era mais do que a continuação da estrada que até aí tínhamos vindo a subir...
E ali ficámos meio atónitos, especados, sem saber o que dizer...
E nesse amplo espaço, diante de nós, erguia-se imponente, e de feições austeras, um enorme e majestoso casarão apalaçado, com altos torreões, arquitectonicamente exuberante e uma dimensão cruel...
Estava mergulhado na penumbra e fora invadido por frondosas vegetações arbustivas que o abraçavam e violavam a toda a sua volta, penetrando nas suas ranhuras e fissuras mais recônditas como que o prendendo àquele lugar sem fim... sugando-o para as suas raízes profundas...
Estava submerso em teias de aranha e os ramos das árvores que o amarravam, conferiam-lhe um aspecto obscuro e medonho...
Encarcerado por um grande portão de ferro enferrujado pelo tempo, era inatingível pelo cadeado que o encerrava a qualquer vento que ali quisesse entrar... negando-se prontamente a sua entrada.
Certamente aquele lugar havia sido fechado há muito tempo e nunca ninguém lá voltara a entrar.
Foi provavelmente habitado há tempos infinitos, mas ou pelo seu isolamento, ou maldição que aparentava possuir, e devorar e sugar quem quer que se atrevesse ali a entrar naquele lugar... Certamente por ali ficou quem se atreveu a visitá-lo, sem deixar o menor rasto da sua existência terrena...
E nós ali ficámos um tempo indefinido a olhar para aquela presença austera, aterradora e ao mesmo tempo misteriosa, sem saber o que dizer... Apenas com a ténue iluminação lunar, em silêncio, entreolhados pelo espanto, terror e admiração...
Mergulhámos petrificados num silêncio profundo, onde apenas se ouvia o vento a ressoar em círculos cortantes nos ciprestes que nos rodeavam a nós e àquele estranho, distante e desconhecido lugar.
Ali nos detivémos sem proferir palavra, ainda estonteados pelo que acabávamos de presenciar.
Mas algo cortou o silêncio.
Ouvimos passos que se aproximavam, vindos de algum lado, que nos fizeram temer até às entranhas mais profundas.
Não estávamos sozinhos? Não tínhamos subido toda aquela estrada sozinhos? Teria mais alguém nos acompanhado ao longo de todo o caminho sem darmos conta?
Quando nos voltámos para trás para ver o que se passava, os ciprestes tinham-nos cercado a toda a volta, já não havia o caminho que nos ali tinha levado.
Algo rangeu.
Voltámo-nos e olhámos em frente para o austero casarão. E reparámos que o cadeado estava solto e o gigantesco portão de ferro entreaberto...
Sentimos arrepios por todo o corpo...
Ouvimos mais alguns passos. E quando nos voltámos para trás, algo negro como breu surgiu furtivamente por detrás dos ciprestes e se lançou medonhamente sobre nós.
Depois disso, tudo ficou escuro.
Eu conheço aquele lugar... Já lá estive uma vez, há muito tempo...
1 comentário:
Ou estás muito inspirada ou transcreveste uma boa porção de algo que te tocou. Já viveste uma noite assim?... Talvez tens o desejo de sentir medo?...
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