“Estou com falta de tempo!”, “Ando sem tempo!”, “Ando tão atarefada que nem tenho tempo para nada!”, “O tempo passa a correr!”, “O tempo voa!”
…
Estas são apenas algumas das muitas frases que ouvimos constantemente no nosso quotidiano… afinal é rara a pessoa que hoje em dia não se queixe da falta de tempo! É quase uma premissa da vida!
Mas depois… quando paramos (se é que temos tempo!) e começamos a pensar… porquê falta de tempo? Porque temos falta dele?
A resposta óbvia seria: “Oh! Tanta coisa para fazer!”
Certo. Tudo bem.
Mas muitas vezes essa “tanta coisa para fazer” vai muito além das obrigações laborais, hoje em dia estritamente impostas. Essas, enfim, temos de as cumprir… e delas não nos podemos escapulir, nem as alterar.
Mas podemos gerir o resto do tempo que fica para além do trabalho!
Se calhar temos falta de tempo, porque no restante que sobra para além do horário laboral, o preenchemos com coisas desnecessárias! Ou pelo menos que não são tão importantes assim, que mereçam o nosso tempo livre!
Por exemplo, neste mundo inconstante, muitas vezes queremos estar actualizados de tudo o que é novidade, de tudo o que acabou de sair, e das coisas todas que “estão a dar”. Este é um dos focos principais da nossa falta de tempo.
Frequentemente queremos estar a par das últimas tendências da moda, todas as semanas ir ver o que saiu de novo, e comprar algo… será que temos assim tanta necessidade de ter roupa nova todas as semanas? É preciso estar sempre a par da moda porquê? É isso que nos faz sentir bem? Precisamos assim de tanta roupa? Temos apenas um só corpo! Passar horas nas lojas a ver pedaços de pano… Vale a pena perder assim tanto tempo com isso?
…
Com a tecnologia em rápido desenvolvimento, muitas vezes também gostamos de estar a par dos novos telemóveis, novos DVDs, mp3, hiPod…
Para quê? Precisamos disso tudo? E de ter sempre o mais novo e último modelo? Porquê? O anterior estava estragado? Ou foi só porque há um mais moderno?
No mundo de hoje, todos esses aparelhos que nos sugam o tempo, estão em constante mutação! Simplesmente porque a tecnologia evolui à velocidade da luz! E por mais que queiramos acompanhar essa evolução, não conseguimos! E se conseguimos, ficamos esgotados, pois todos os dias há sempre algo de novo… e quando descobrimos como funciona, já outra coisa se inventou para substituir aquela…
E mesmo que tenhamos alguns objectos, mal conseguimos usufruir de todos esses que temos. E se conseguimos, estamos certamente a deixar para trás outras tantas coisas, provavelmente mais importantes…
E isto é análogo aos programas de televisão, ao estar a par das séries, dos filmes que estão em cartaz, das notícias do dia-a-dia e do que aconteceu na novela da noite anterior!
É humanamente impossível hoje em dia estarmos constantemente actualizados de tudo e a par de tudo! E se tentarmos, isso sufoca-nos!
É isso que nos rouba o tempo!
É a tentativa constante de actualização de tudo aquilo que está em permanente mutação! É um esforço sobre humano que nos impede de viver com calma e em paz!
Há que lutar contra esta exigência constante de estar “up to date” a que o mundo nos incita e obriga.
Se calhar, se soubermos seleccionar um pouco melhor aquilo que é mais importante, ou realmente importante, talvez nos sobre mais tempo…!
Se escolhermos melhor aquilo em que gastamos o nosso tempo, talvez o desperdicemos menos!
Não ter ânsia de estar sempre a par da última tendência da moda, do último telemóvel que saiu, ou até mesmo daquilo que deu na série de ontem à noite!
Porque… será isso que nos faz felizes? Ou nunca pensámos nisso? São os objectos o mais importante? Será que depois de tudo isso, temos o tempo que queríamos par estar com quem gostamos?
Huuummm… pois…
Ao libertarmo-nos dessas coisas, obrigações e objectos que nos rodeiam, libertamos a mente! Ficamos leves e prontos a assimilar coisas mais importantes!
Há que seleccionar os objectos que nos rodeiam… e distinguir entre aqueles que queremos comprar e os que realmente precisamos! Aí reside a diferença fundamental!
Pensar se é assim tão indispensável estar a par de tudo, ou se isso também não nos ocupa demasiado a cabeça…
Seleccionar também as pessoas com quem queremos realmente estar… se calhar às vezes estar com certas pessoas só por estar, talvez não adiante de muito! Era preferível estar com quem gostamos realmente… e o resto do tempo fazer uma pausa para também estarmos com nós próprios.
Afinal, se pensarmos bem, também merecemos ter tempo para nós mesmos! No fim de contas, ao longo da vida somos as únicas pessoas que haverão de estar sempre connosco…