05 agosto 2008

Lá vai ele...


E lá vai ele… lentamente caminhando… debaixo do sol escaldante do meio dia…

Lá vai ele à beira-mar… arrastando os pés na areia ardente… magro, de braços e ombros carregados…

Dia após dia… ali vai ele… Negro como o ébano na noite… Veio do Senegal, tentar uma vida melhor… O irmão ficou-se por Cabo Verde…

Caminha devagar e pacientemente… transportando fios, pulseiras, malas, óculos de sol que pretendem realizar os sonhos de quem os comprar, e outras coisas para vender…

Sim, coisas. Objectos.

Coisas que os outros só compram se quiserem… e no entanto, é o único meio de sobrevivência dele.

E lá continua ele… a caminhar ao sol na areia, por entre as pessoas, perguntando se querem algo…

Todos abanam a cabeça, esperando que se afaste o mais rápido possível.

Ninguém lhe liga.

Ninguém pensa na vida que ele tem.

Ninguém percebe que a sobrevivência dele é feita através dos luxos dos outros, de ornamentos e enfeites… coisas que estes só querem às vezes… quando lhes apetece.

Mas quererem ou não, para ele pode fazer muita diferença!

Lá vai ele outra vez…

Onde será que ele vai dormir hoje?

Será que tem uma cama?

Terá ao menos um tecto?

E lá vai ele… uma vez mais…





2 comentários:

Anónimo disse...

ive done something here to have you a few cents!

Erick Macau disse...

excelente lírica!
abraços libertários

ps: gostei daqui, tanto que voltarei mais vezes