Diz-me o que fizeram ao rio que já não canta…
Resvala como um barbo morto sob um palmo de espuma branca…
Que o rio já não é o rio...
Antes que chegue o Verão escondei tudo o que está vivo
Diz-me o que fizeram ao bosque que já não há árvores!
No Inverno não teremos fogo, nem no Verão lugar onde resguardar-nos...
Que o bosque já não é o bosque...
Antes que obscureça enchei de vida a despensa...
Sem lenha e sem peixes, teremos que queimar a barca
Lavrar o trigo entre as ruínas, e pôr a tranca na casa
Se não há pinheiros não haverá pinhões, nem vermes, nem pássaros
Onde não há flores não se dão as abelhas, nem a cera, nem o mel...
Que o campo já não é o campo...
Amanhã do céu choverá sangue!
O vento o canta chorando...
Já estão aqui...
Monstros de carne com vermes de ferro!
Não, não tenhais medo, e dizei que não, que eu vos espero...
Que estão matando a Terra
Deixai de chorar, que nos declararam a guerra…
Autor desconhecido
2 comentários:
ótimo texto... reflexivas imagens!
Beijos
Passa lá no Idiotizando.
Me tocou o que vi e li no blog: o Rio, a Guerra, Lisboa ser Lisboa e as fotos.
Um abraço,
Eliane
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