25 maio 2010

Diz-me...


Diz-me o que fizeram ao rio que já não canta…

Resvala como um barbo morto sob um palmo de espuma branca…

Que o rio já não é o rio...

Antes que chegue o Verão escondei tudo o que está vivo



Diz-me o que fizeram ao bosque que já não há árvores!

No Inverno não teremos fogo, nem no Verão lugar onde resguardar-nos...

Que o bosque já não é o bosque...

Antes que obscureça enchei de vida a despensa...



Sem lenha e sem peixes, teremos que queimar a barca

Lavrar o trigo entre as ruínas, e pôr a tranca na casa

Se não há pinheiros não haverá pinhões, nem vermes, nem pássaros

Onde não há flores não se dão as abelhas, nem a cera, nem o mel...



Que o campo já não é o campo...

Amanhã do céu choverá sangue!

O vento o canta chorando...

Já estão aqui...



Monstros de carne com vermes de ferro!

Não, não tenhais medo, e dizei que não, que eu vos espero...

Que estão matando a Terra

Deixai de chorar, que nos declararam a guerra…



Autor desconhecido

2 comentários:

Tahiana Andrade disse...

ótimo texto... reflexivas imagens!


Beijos
Passa lá no Idiotizando.

Eliane Accioly disse...

Me tocou o que vi e li no blog: o Rio, a Guerra, Lisboa ser Lisboa e as fotos.
Um abraço,

Eliane